Juliana Muylaert Mager, Jogo de cena, História, memoria e testemunho no documentário de Eduardo Coutinho
Juliana Muylaert Mager, Jogo de cena, História, memoria e testemunho no documentário de Eduardo Coutinho, São Paulo, Alameda, 2021, 296 p.
- Cet article est une traduction de :
- Juliana Muylaert Mager, Jogo de cena, História, memoria e testemunho no documentário de Eduardo Coutinho [fr]
Texte intégral
1Depois de explorar a trajetória de Eduardo Coutinho (1933-2014) no cinema brasileiro e de destacar a sua incursão no documentário, Juliana Muylaert Mager analisa o método do documentarista do ponto de vista do lugar da memória na sua cinematografia nos dois primeiros capítulos, que servem de introdução ao terceiro, dedicado ao filme Jogo de cena (2007). Ela analisa a permanência e as mudanças no método do cineasta em relação à questão da memória. Também identifica duas questões principais: por um lado, a forma como ele trata a memória e reposiciona a discussão sobre o tema e a linguagem, e por outro, os limites e intersecções da ficção com o documentário e a história.
2Vamos lembrar que o Cinema Novo, do qual Coutinho emergiu, caracterizou-se pela inovação estética e pela associação entre cinema e política. Em Cabra Marcado para Morrer (1964-1984), por exemplo, o cineasta já tinha confrontado a história com a memória através do testemunho dos seus personagens. A memória provocadora, para que seja atualizada no testemunho, é uma das estratégias que ele utiliza na configuração das narrativas dos seus documentários.
3De fato, o trabalho de Coutinho segue a evolução das posições políticas de esquerda nos anos 1960 e a sua revisão nos anos 1990. Isto se traduz numa mudança na posição ética e política do cineasta, do coletivo para o individual. Assim, a vida cotidiana e privada das pessoas comuns ganha espaço no trabalho de Coutinho, bem como no cinema nacional, a partir de meados da década de 1990.
4Neste contexto, Jogo de Cena, baseado no incitamento à narração testemunhal, é de particular importância: as narrativas em primeira pessoa dirigidas ao público transformam os depoentes em testemunhas do próprio ato de depor. O enredo tece habilmente o passado relembrado com o passado contado, através do testemunho de pessoas comuns, mas que no filme, por vezes, são igualmente representadas na pele de atrizes. É este processo que Juliana Muylaert examina, destacando os territórios comuns das práticas cinematográficas e históricas. É neste “jogo” de memória “reconstruída” que se realiza o encontro entre o cinema e a história.
Pour citer cet article
Référence papier
Sylvie Debs, « Juliana Muylaert Mager, Jogo de cena, História, memoria e testemunho no documentário de Eduardo Coutinho », Cinémas d’Amérique latine, 30 | 2022, 172-173.
Référence électronique
Sylvie Debs, « Juliana Muylaert Mager, Jogo de cena, História, memoria e testemunho no documentário de Eduardo Coutinho », Cinémas d’Amérique latine [En ligne], 30 | 2022, mis en ligne le 04 septembre 2023, consulté le 19 juillet 2025. URL : http://journals.openedition.org/cinelatino/10126 ; DOI : https://doi.org/10.4000/cinelatino.10126
Haut de pageDroits d’auteur
Le texte seul est utilisable sous licence CC BY-NC-ND 4.0. Les autres éléments (illustrations, fichiers annexes importés) sont « Tous droits réservés », sauf mention contraire.
Haut de page