O mapa – modelo e os coremas
Résumés
Les organisations, con figurations et dynarniques spatiales sont fondées sur la combinaison de structures élémentaires, les chorémes. La carte-modèle permet de découvrir et de mettre en evidence leurs roles et leurs arrangements. Elle traduit l’apparition d'un nouveau langage cartographique.
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O artigo “La carte – modele et les chorèmes”, de autoria de Roger Brunet, foi originalmente publicado em língua francesa no ano de 1986 na revista MAPPEMONDE número 4. Esta tradução e o redesenho das figuras foram feitos por Mateus de Almeida Prado Sampaio (bolsista PNPD/CAPES na FCT/UNESP). Texto original disponível em: http://www.mgm.fr/PUB/Mappemonde/M486/p2-6.pdf
Texte intégral
1O uso de modelos na ciência é uma coisa séria. E começou a fertilizar a geografia. Curiosamente, foi menos pela representação gráfica do que pela estandardização matemática que ele foi introduzido. Foi, conforme se referem seus usuários, muito mais por considerações da geografia geral do que por preocupações da geografia regional.
2É chegada a hora de que novos encontros e outras fecundações sejam realizadas. Mais do que uma organização regional particular é interpretada corretamente usando-se modelos de gravidade e de gravitação, por exemplo, que têm uma expressão gráfica (o modelo aureolar e orbital) e uma expressão matemática (do tipo P = a.M.d-1/2, que é apenas um avatar de e = mc2). Todo o interesse dos modelos é confrontar "o caso" com “a lei”, em que se busca, sobretudo, entender o caso ou fundar a lei.
3Nada, em geografia regional, pode ser compreendido sem leis. Não se trata de lei que não tenha que enfrentar a realidade para ser validada. A questão difícil, e apaixonante, é que se deve desvendar tais leis, e faz parte do acaso, da contingência, que talvez não seja mais do que uma lei não descoberta, ou que esteja na natureza das coisas.
4Sugeri, recentemente, uma abordagem baseada em modelos gráficos e propus o conceito de corema, que começa a se difundir. Um corema é uma estrutura elementar do espaço, que se representa por um modelo gráfico. Por consequência, espera-se que seja utilizado para a sua representação o “modelo”. São enriquecidos pelos "cronocoremas", sugeridos por Hervé Théry, e pelo “atlas coremático”, do mesmo autor; aqui e acolá “coremisam-se” os territórios.
5Se isso será uma moda passageira ou um novo paradigma, o uso e o tempo decidirão. Ao menos os princípios básicos estão colocados à prova por pesquisadores muito diferentes, e à uma prova muito dura: a dos alunos, já que agora este passou a compor parte da matéria desde o Ensino Primário até a Universidade. Possui certas regras de uso.
As regras da arte
- 1 Demonstração em: “Redistribuição industrial” (ver Bibliografia).
61. Modelizar um espaço volta-se a pesquisar suas estruturas e dinâmicas fundamentais. Não se trata de resumir nem de generalizar, ou seja, de lapidar gradativamente as "arestas" até produzir uma figura geométrica; nem muito menos de produzir uma caricatura. É, antes de tudo, se perguntar quais são os princípios que podem estar em jogo, e então elaborar hipóteses. E testar essas hipóteses. Neste caso, verificar se os modelos de base correspondentes se ajustam, mais ou menos, à configuração espacial; exatamente como alguém faz ajustes em relação à um modelo matemático, uma superfície de tendência ou uma correlação. De certa forma, damos a nós mesmos algumas chaves plausíveis, e em seguida as testamos uma após a outra.1
7Naturalmente, o movimento é dialético, ao mesmo tempo dedutivo e indutivo. O exame cuidadoso de uma configuração espacial nos coloca conjecturas (movimento ascendente ou indutivo); a informação geral que dispomos sobre a posição geográfica e a natureza do espaço considerado também nos colocam hipóteses (movimento descendente ou dedutivo). A pesquisa experimental consiste em um certo número idas e vindas e de ajustes sucessivos em ambas as direções.
82. Toda configuração espacial emerge da combinação eventualmente muito complexa de mecanismos simples. Essas correspondem às soluções que as sociedades encontram para problemas de domínio do espaço: apropriação, gestão, partilha, drenagem e irrigação (em sentido amplo), conquista; e às forças físicas com as quais as sociedades interagem: declives, gradientes, estágios, dissimetrias, gravidade e gravitação. A distância entre lugares diferenciados e seus atritos em termos de circulação e de informação (que vão do zero da fluidez perfeita ao infinito da ruptura absoluta) são a medida exata do fenômeno.
- 2 A sua composição derivou de discussões frutíferas do grupo de reflexão da Maison de la Géographie.
93. Essas configurações são compreendidas pelo jogo (a combinatória) de certas estruturas elementares. As suas formas de representação são as configurações básicas de qualquer representação cartográfica: ponto, linha, área (ou "polígono"), rede. Parece-me que podem ser classificadas em sete rubricas gerais, que dão à tabela anexa 28 coremas.2
10Isso é um pouco mais do que o número de letras do alfabeto; e são esses coremas que fazem a escrita do Mundo.
11Cada um significa: é um signo, com uma forma, e um significado. O significado é o mecanismo em jogo. Desse modo, a utilização desse ou daquele corema para representar uma configuração geográfica não é de forma alguma desprovida de sentido, pelo contrário, revela um processo, uma disposição.
12É por esse motivo que a modelagem [modelização] é uma poderosa ferramenta de pesquisa e ao mesmo tempo de comunicação: descobrimos um princípio de organização do espaço – herdado ou vivo, veremos. Descobrimos, em ambos os sentidos: o achado para o pesquisador, torna-se o evidenciado para seu interlocutor.
13Quatro colunas para as figuras de base, sete linhas para as estratégias e as dinâmicas essenciais, isto é, para as finalidades e as ações dos sistemas espaciais: 28 coremas. Uma construção provisória, para ser provada e enriquecida, que foi nutrida pela colaboração de um pequeno grupo da Maison de la Géographie (F. Auriac, V. Cabos, C. Carrié, J.P. Cheylan, R. Ferras, J.P. Garnier, Th. Panouillères, M. Vigouroux, J.P. Volle).
- 3 Análises de mesmo tipo podem perfeitamente ser feitas para os meios físicos, uma vez que se tratam (...)
144. O ato, portanto, não é gratuito nem arbitrário: não fazemos aquilo que bem entendemos com a modelização gráfica, não se pode “demonstrar” qualquer coisa que se queira. Descobrimos que uma chave funciona, ou melhor, que certas chaves funcionam em conjunto; com este complicador de que não se trata apenas de simples fechaduras, mas sim de realidades sociais,3 e de que essas "chaves" se deformam mutuamente, o que demanda certa percepção no reconhecimento de formas que se afetam reciprocamente. Enfim, e a experiência demonstra que vários pesquisadores diferentes, mas corretamente informados, velozmente chegam à representações similares ao escolherem as mesmas chaves. Também não deve ser subestimar o ascetismo: se alguns mapas-modelos agora parecem "óbvios", de forma alguma eles o eram no início do trabalho.
155. A modelização gráfica se aplica a todas as escalas: das peculiaridades (como o “terroir” de uma aldeia, ou mesmo a planta de assentos das anfitriãs e dos mestres de cerimônias!) às zonas climáticas globais.
- 4 Nota do tradutor: Medina: centro histórico, patrimônio arquitetônico e urbano existente em antigas (...)
16Aplica-se tão bem à análise de uma distribuição espacial (de um fenômeno ou de um campo) quanto à de uma organização particular (uma cidade, uma região, um país), ou mesmo à comparação de organizações de semelhante natureza (medinas, deltas, megalópoles).4
O procedimento
17Concretamente, a modelização de uma configuração ou de um determinado espaço envolve uma série de etapas.
181. Oferecemos a nós mesmos uma superfície de trabalho a mais neutra possível. O melhor, em geral, é o círculo, que é de certo modo isotrópico, enfatiza o centro e isola muito bem os vizinhos. O hexágono, neste aspecto, é bem adequado porque se encaixa com os vizinhos. O quadrado é útil quando queremos enfatizar a situação específica de fachadas distintas e ângulos pontiagudos.
19As outras formas são temerárias num primeiro momento: o retângulo introduz uma dissimetria inicial, que pode dissimular certos fenômenos - mas que ainda assim pode ser representativo do território considerado. O triângulo implica suposições preliminares sobre suas pontas salientes; o trapézio ou qualquer outro polígono não ajudam na compreensão, e suas formas podem mascarar a eficácia de certas chaves.
20É num segundo momento que poderemos complicar o modelo, para aproximá-lo da realidade (ou mesmo alterá-la), observando os efeitos de uma reentrância, de uma saliência, de um esticamento. Para o caso da Polônia, podemos escolher tanto um círculo quanto um quadrado; o papel do litoral ao Norte e dos Cárpatos ao Sul, fazem-me preferir o quadrado; e o resultado da representação não seria fundamentalmente alterado. Em contrapartida, para Guadalupe, não se compreenderia nada com uma única figura; mas poderíamos usar dois quadrados dispostos em diagonal, interligados por um ângulo central, com Pointe-à-Pitre na área de contato; estes acusariam os "confins do mundo" e isolariam um pouco Capesterre.
212. Procuramos em seguida quais os princípios elementares que podem estar em jogo. No arsenal de coremas, há alguns mais recorrentes - mas de formas diferentes de acordo com os temas: gradientes ou dissimetrias de latitude (particularmente de ordem climática), ou relacionadas aos ventos, às fronteiras, às influências; distinção entre centro e periferias; eixos; estágios altimétricos, etc.
22Na escala das regiões e dos Estados, devemos estar especialmente atentos aos “lugares” das cidades e suas hierarquias, assim como às etapas de seu desenvolvimento, uma vez que a organização do espaço não é muito antiga. Um bom uso dos modelos nos permite inclusive descobrir as posições-chave e "predizer" dinâmicas futuras ou potenciais, ou mesmo nos questionarmos sobre o fato de que esse potencial esteja visivelmente subutilizado.
23Repetimos as operações até obter uma representação satisfatória da realidade. Como em qualquer outra operação, o ganho de informação segue uma curva logística. A partir de um certo limite, o ganho se torna cada vez mais fraco e conforme a complexidade aumenta o resultado se inverte e o "ruído" prevalece, o esquema torna-se ilegível e tudo se perde. Seria melhor, nos casos em que uma parte do espaço demanda maior análise, tratá-la separadamente, como se faz quando se busca elucidar uma "caixa preta" em um modelo de sistema.
"Na Polónia, ou seja, em lugar algum" (A. Jarry)
- 5 Nota do tradutor: Alfred Jarry, dramaturgo, romancista e poeta francês (1873-1907), foi referência (...)
24Tomemos o caso da Polônia. Ela não está em lugar nenhum, como disse o pai de Ubu, Alfred Jarry5, na peça teatral. O essencial de suas estruturas espaciais, e, portanto, o essencial de sua cartografia, vem de uma dinâmica simultânea entre um zoneamento Norte-Sul e de deslocamentos Oeste-Leste em relação ao seu centro de gravidade. Dificilmente encontraremos um princípio mais evidente de organização do espaço: a simples articulação da latitude e da longitude; e uma influência mútua bastante nítida de dois fundamentos interativos da diferenciação regional: a posição geográfica (relativa aos recursos, aos grandes campos, aos vizinhos) e a dinâmica histórica; mas que complexidade local de resultados ...
25O zoneamento Leste-Oeste advém sobretudo da pressão germânica e dos contragolpes do lado da Lituânia e da Rússia: é de dimensão histórica. O reduto tradicional polonês, a Grande Polônia (ou Wielkopolska), está centrado em Gniezno e Poznan, a velha capital, e encontra uma outra base na Cracóvia. Em certo momento, os poloneses avançaram para o oeste, para além mesmo do rio Elba. Em seguida, com a expansão dos Cavaleiros Teutônicos, tiveram que recuar novamente para leste.
26Varsóvia, menos exposta, tornou-se a capital. Posteriormente, deu-se a conquista de vastos espaços mercantis e campesinos entre o Báltico e o Mar Negro, no extremo leste, próximo à Lituânia. O despertar russo, as pressões prussianas e austríacas venceram a Grande Polônia, desde então, ora desmembrada, ora reprimida para o leste, ora repelida para oeste – mas conservando Varsóvia e Cracóvia como centralidades, eventualmente já um pouco deslocadas atualmente.
- 6 Nota do tradutor: tipo de solo; sedimento eólico fértil de coloração amarelada.
- 7 Nota do tradutor: produto da erosão glacial depositada por geleiras, com acúmulo de detritos não co (...)
27A zonação Norte-Sul é tripla: as origens dos gradientes são, ao norte as glaciações quaternárias, ao sul os Cárpatos (Besquides) e as montanhas da Boêmia (Sudetos), e em conjunto a latitude. Isso dá um pouco mais de sol ao sul e de frio e nevoeiro ao norte. As glaciações fizeram suceder, prioritariamente no sul, os depósitos de löess6, que se constituem na fertilidade da Silésia, da Pequena Polônia (Małopolska) e do planalto de Lublin; o Espaço Central foi marcado pelos sucessivos avanços da frente de calotas glaciais, que deixaram amplos canais (pradoliny) e colinas morainas,7 espaços de circulação muito bem drenados; em seguida, para o norte, as terras obtidas mais tardiamente, mal drenadas, argilosas, com inúmeros lagos e florestas extensas; o Báltico, por fim, mar pouco profundo e medíocre regulador do clima, que confirma essa zonação ao invés de a atenuar, tendo uma costa arenosa e desprovida de bons sítios portuários. A tectônica fez suceder de sul para norte verdadeiras montanhas, com seus prados e bosques; um sopé aberto, rico em recursos minerais e águas termais; e um contorno de baixos planaltos calcários bem drenados.
28Em suma, um conjunto que em grande medida explica as sucessivas faixas de paisagens e de cidades, do sul ao norte: a montanha e o seu turismo (esportes de inverno, cura e termalismo); o corredor industrial de Wroclaw à Katowice, Cracóvia e Rzeszow; as boas terras agrícolas; o espaço de ligação central, onde se localizam as capitais; o norte florestado e lacustre, com as colinas da Pomerânia e da Masúria; a costa litorânea.
- 8 Nota do tradutor: Alusão à "Teoria dos Lugares Centrais", desenvolvida pelo geógrafo alemão Walter (...)
29Assim se colocam todos os elementos da organização do território: a posição das grandes cidades, em uma rede "cristalleriana"8 e hierárquica, moldada pela existência de três grandes linhas paralelas de cidades maiores (piemonte, eixo central, litoral) e uma dualidade histórica das mais centrais - e mesmo Lodz, criação industrial do século XIX, uma cidade artificial dos têxteis, frequentemente apresentada como uma espécie de aberração nos manuais e livros didáticos, mas criada de maneira desafiadora nos limites do território ainda considerado "polonês” pelo lado russo, à beira dos domínios prussiano, austríaco e russo; as regiões agrícolas “boas” e as menos boas, as áreas industriais do Piemonte - desenvolvidas sob a tutela da Prússia e da Áustria; e assim por diante.
30Encontramos aqui uma série de coremas cruciais. Esses se organizam para desenhar um mapa-modelo da Polônia inteira, ou para auxiliar na interpretação de todas as cartas temáticas de um atlas da Polônia. Nenhum, supostamente, exprime uma necessidade ou um determinismo: quando muito determinações. Todos exprimem situações, que se combinam em uma organização do território produzida por sociedades identificadas com suas próprias estruturas e movimentos. O território e sua organização variaram com o tempo – e até mesmo sua existência, que diversas vezes desapareceu oficialmente; o mapa da Polônia atual é herdeiro, mas ele evolui ao mesmo tempo em que a Polônia atual readapta incessantemente suas estruturas de organização espacial.
31O mesmo gênero de modelização pode ser feito para qualquer espaço cartografável, quer se trate da alocação de um fenômeno, ou da organização territorial de um país inteiro. É um novo caminho, ao mesmo tempo, para a cartografia, a pesquisa e a comunicação.
A linguagem dos mapas
- 9 Nota do tradutor: a Revista MappeMonde, no momento de fundação, propôs-se a realizar de tempos em t (...)
32Os modelos gráficos, fundados nas implicações do conceito de corema, podem servir de forma eficaz para a interpretação e a representação dos espaços, das distribuições e das dinâmicas geográficas. As demonstrações estão presentes nesse fascículo9 e nos trabalhos citados na bibliografia.
33Seu emprego traz toda a problemática da linguagem cartográfica. Um modelo se expressa por suas formas, pelas configurações que representa. Os signos da legenda são sempre um código claro, portátil, arbitrário e modificável de um autor para outro – ainda que algumas regras rigorosas devam ser sempre observadas na redação desse código. Este código não é uma linguagem: a linguagem está nas formas de distribuições e de organizações espaciais.
34É possível representar em verde, em vermelho ou em amarelo, em hachuras ou tracejados, por um nome ou com stencil, a área de produção de trigo na China: o mapa dirá de qualquer modo a mesma coisa; aquilo que não poderá mudar, é sua mensagem: a posição, os contornos e as diferenças internas da área em questão. Podemos representar as cidades africanas por círculos, quadrados ou triângulos, em preto, cinza, azul ou rosa, com ou sem pictogramas; o que não dá é para mudar suas posições, seus pesos, suas hierarquias e suas redes: é assim que a carta se exprime. Essa é a sua linguagem.
- 10 Nota do tradutor: sema, em linguística, é a unidade mínima de significação (espécie de “átomo semân (...)
35É pelo reconhecimento das formas que eles são decifrados. E é através da representação de uma combinação de coremas que os mesmos são interpretados. Aqui os semas10 não são arbitrários nem mutáveis; e eles são universais. Com os 28 coremas – evidentemente que este quadro pode ser melhorado – temos o suficiente para fazer o modelo “falar”. Sem desfigurá-lo, pelo contrário, revelando-o.
36Talvez não seja uma coincidência que os jovens alunos, e os não tão jovens, descubram assim uma geografia mais emocionante: a mensagem é passada. Não é por acaso que pesquisadores experientes os usam para suas explorações: o reconhecimento das formas ajuda. Não é por acaso que os tomadores de decisões são seduzidos, como o demostra a experiência da "Redistribuição industrial": os lugares são localizados, comparáveis, entendidos em suas dinâmicas.
37O mapa-modelo obviamente não é a solução para tudo, uma nova panaceia. É um instrumento a mais para a análise geográfica, que começa a provar sua eficiência. Como ferramenta de pesquisa e de comunicação, ajuda a compreender a própria linguagem cartográfica. Não demanda mais do que seriedade, e imaginação.
Figuras originais
Sobre o autor
38Roger Brunet nasceu em Toulouse, França, em 30 de março de 1931, pertencendo, assim como Paul Claval, Olivier Dollfus, François Durand-Dastès, Armand Frémont e Fernand Verger, à chamada “geração de geógrafos da década de 1930”.
39Concursou-se e obteve a “agrégation” em geografia em 1953, defendendo posteriormente (1965) a tese de doutoramento intitulada “Les campagnes toulousaine”, com a tese complementar “Les phénomènes de discontinuité en géographie”, sob a supervisão de Jean Dresch. Foi professor na Universidade de Toulouse (1957-1966) e na Universidade de Reims (1966-1976), quando fundou a revista L'Espace Géographique (1972).
40Ainda na década de 1970 tornou-se diretor de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), exercendo entre 1976 e 1981. Alçou-se em seguida ao cargo de assessor técnico do gabinete do Ministro da Pesquisa e Tecnologia na área de Humanidades e Ciências Sociais, entre 1981 e 1984. Foi um dos fundadores do GIP R.E.C.L.U.S. – Groupement d'Intérêt Public «Réseau d'Etude des Changements dans les Localisations et les Unités Spatiales» [Rede para o Estudo das Mudanças de Locais e Unidades Espaciais] e nesse mesmo ano de 1984 liderou a criação da Maison de la Géographie à Montpellier [Casa da Geografia em Montpellier], onde pouco tempo depois fundou outra revista, a M@ppemonder (1986) – tida, de certo modo, como concorrente da Hérodote, editada por Yves Lacoste.
41Dedicando-se a cartografia e, em especial à modelização e à coremática, publicou o livro « La carte, mode d'emploi » em 1987 e coordenou nos anos 1990 a publicação dos volumes da nova Géographie Universelle, assim como do “l'Atlas de France”. Foi laureado, juntamente com Paul Claval, com o Prêmio Vautrin-Lud do ano de 1996 no Festival Internacional de Geografia de Saint-Dié-des-Vosges.
42Ainda foi membro do: Comité National de la Recherche Scientifique; Conseil National de l'Information Géographique; Conseil National de la Statistique; Conseil Scientifique de l'Institut Français de l'Environnement; Conseil Scientifique de l' Institut National de la Recherche Agronomique e Comité Scientifique de la Fédération de l'Éducation Nationale
Fotos do autor
- 12 Disponível em: https://fr.wikipedia.org/wiki/Roger_Brunet, acesso realizado em 05/05/2021.
Brunet e Claval recebendo o prêmio Vautrin-Lud no Festival Internacional de Geografia de 1996, em Saint-Dié-des-Vosges. Da esquerda para a direita: Jean Malaurie, Rémy Knafou, Roland Paskoff, Roger Brunet e Paul Claval.12
Principais obras e publicações do autor
43Disponível em: http://www.mgm.fr/ARECLUS/page_auteurs/Brunetp.html, acesso realizado em 05/05/2021.
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Les Campagnes toulousaines, Université de Toulouse, 1965.
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Les Phénomènes de discontinuité en géographie, CNRS, 1967.
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Découvrir la France, Paris, Larousse, 1972-74, 7 volumes (dir.).
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Champagne, Basse-Bourgogne, Pays de Meuse, Paris, Flammarion, 1980.
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Atlas mondial des zones franches et paradis fiscaux, Fayard-Reclus, 1986.
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Le Redéploiement industriel, Reclus-Ministère de l'Industrie, 1986.
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France, dynamiques du territoire, Datar-Reclus, 1986 (dir., avec J. Sallois).
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La Carte, mode d'emploi, Paris-Montpellier, Fayard-Reclus, 1987.
-
La Vérité sur l'emploi en France, Larousse, 1987 (dir.).
-
Montpellier Europole, Montpellier, Reclus, 1988 (dir.).
-
La France dans l'espace européen, Reclus-GEM Régions, 1988.
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Les Villes « européennes », Montpellier-Paris, Datar-Reclus, La Documentation française, 1989.
-
Le Déchiffrement du Monde, in Géographie Universelle t. 1 Mondes nouveaux, 1990.
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Le Territoire dans les turbulences, Montpellier, Reclus, 1990.
-
Vers des réseaux transeuropéens, Reclus-GEM Réseaux et territoires, 1991.
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Les Mots de la géographie, dictionnaire critique, Reclus-La Documentation française, 1992, 3e éd. 1993 (dir., avec R. Ferras et H. Théry), 518 p.
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La France, un territoire à ménager, Paris, Édition°1, 1994.
-
La Russie nouvelle, Paris, La Documentation française (La Doc. Photographique), 1994.
-
Atlas de la Russie et des pays proches (avec D. Eckert et V. Kolossov), Reclus-La Documentation française, 1995.
-
La Russie et les pays proches, in Géographie Universelle t. 10 : Europes orientales, Russie, Asie centrale, Belin-Reclus, 1996.
-
Champs et contrechamps. Raisons de géographe, Paris, 1997, Belin.
-
Territoires de France et d'Europe. Raisons de géographe, Paris, 1997, Belin.
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L'Aménagement du Territoire, Paris, La Documentation française (La Doc. Photographique), 1997.
-
Le Déchiffrement du Monde. Théorie et pratique de la géographie, Paris, Belin, 2001, coll. Mappemonde, 400 p.
-
La Russie. Dictionnaire géographique, Paris, La Documentation française, 2001, coll. Dynamiques du territoire, 480 p.
-
Le Diamant : un monde en révolution, Paris, Belin, 2003, 416 p.
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Le Développement des territoires : formes, lois, aménagement, Paris, Éditions de l'Aube, 2005.
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Sustainable Geography, Londres, ISTE-Wiley, 2011, 352 p.
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Atlas de la Touraine, La Crèche, Geste, 2016, 256 p
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Trésor du terroir. Les noms de lieux de la France, Paris, CNRS Éditions, 2016, 656 p.
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Atlas du Berry, La Crèche, Geste, 2017, 288 p.
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Le déchiffrement du monde. Théorie et pratique de la géographie, Paris, Belin, 2017, coll. Alpha, 528 p.
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Sustainable Geography. London : Wiley, 2013. e-book.
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1. Diversos trabalhos estrangeiros foram dedicados aos modelos espaciais em geografia. Citamos sobretudo: CHORLEY R. J. e HAGGETT P., 1967, Models in Geography, Londres, Methuen. – HAGGETT P., CLIFF A.D. e FREY A., 1977, Locational models, London, E. Arnold. Esses incluem referências a modelos pioneiros (von Thünen, Christaller, Burgess, Hoyt).
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2. A teoria dos coremas está formulada em: R. BRUNET, “La composition des modèles dans l'analyse spatiale [A composição de modelos dentro da análise espacial]”. L'Espace Géographique, 1980 n° 1. Este trabalho foi precedido por outras análises do mesmo autor, cf.: “Quartiers ruraux dans le Midi toulousain [Bairros rurais no Midi toulousain]”, Revue Géogr. Pyrénées Sud-Ouest, 1969 n° 1; “Organisation de l'espace et cartographie de modèles: les villes du Massif Central [Organização do espaço e cartografia de modelos: as vilas do Maciço Central]”, L'Espace Géogr., 1972 n° 1; “Structure et dynamisme de l'espace français, schéma d'un système [Estrutura e dinamismo do espaço francês, esquema de um sistema]”, Ibid., 1973 n° 4.
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Pode-se encontrar mais análises revisitando-se: DELER J.P., 1981, Genèse de l'espace équatorien [Gênese do espaço equatoriano], Paris, IFEA-ADIF. - THERY H., 1986, Atlas chorématique des régions du Brésil [Atlas Coremático das Regiões do Brasil], Paris, Fayard-Reclus. - FERRAS R., 1986, Atlas d'Espagne [Atlas da Espanha], Paris, Fayard-Reclus. - LOWY P., 1985, Les médinas tunisiennes [As medinas tunisinas], Caen, Dept. por Géogr. da Universidade, tese não publicada. - BRUNET R., 1986, Le redéploiement industriel [A redistribuição industrial]. Montpellier, Recluse.
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Uma exposição detalhada e ilustrada pode ser encontrada em BRUNET R., 1987, La carte, mode emploi [O mapa, modos de uso], Paris, Fayard-Reclus.
Notes
1 Demonstração em: “Redistribuição industrial” (ver Bibliografia).
2 A sua composição derivou de discussões frutíferas do grupo de reflexão da Maison de la Géographie.
3 Análises de mesmo tipo podem perfeitamente ser feitas para os meios físicos, uma vez que se tratam de espaços e de mapas; mas as ciências que os abordam (geomorfologia, climatologia) possuem seus próprios pesquisadores; não se trata aqui senão de uma questão de geografia.
4 Nota do tradutor: Medina: centro histórico, patrimônio arquitetônico e urbano existente em antigas vilas árabes do Norte da África (Magrebe).
5 Nota do tradutor: Alfred Jarry, dramaturgo, romancista e poeta francês (1873-1907), foi referência para alguns movimentos vanguardistas no mundo das artes no século XX, considerado um dos precursores dos movimentos surrealista e dadaísta, assim como do Teatro do Absurdo. Sua obra mais conhecida foi “Ubu Rei”, cuja estreia em 1896 causou furor em Paris e foi cancelada logo após sua estreia.
6 Nota do tradutor: tipo de solo; sedimento eólico fértil de coloração amarelada.
7 Nota do tradutor: produto da erosão glacial depositada por geleiras, com acúmulo de detritos não consolidados.
8 Nota do tradutor: Alusão à "Teoria dos Lugares Centrais", desenvolvida pelo geógrafo alemão Walter Christaller (1893-1969).
9 Nota do tradutor: a Revista MappeMonde, no momento de fundação, propôs-se a realizar de tempos em tempos a publicação de números temáticos especiais. Esta edição, a 4/1986, foi a primeira delas, sendo dedicada aos modelos cartográficos.
10 Nota do tradutor: sema, em linguística, é a unidade mínima de significação (espécie de “átomo semântico”). Não é um elemento autônomo; por sua natureza é unicamente relacional e só existe e adquire significado quando em conjunto. Realiza-se dentro de uma configuração semântica, concretizada por um semema, e sua combinatória resulta em um conjunto sêmico. O estudo da semasiologia realiza um percurso que se principia no símbolo (significante) e alcança o pensamento (significado).
11 Disponíveis, respectivamente, em: https://alchetron.com/Roger-Brunet; https://alchetron.com/Roger-Brunet e https://magazine.tours.fr/en-page-daccueil/entretien-avec-roger-brunet-capitale-geographie/, acessos realizados em 05/05/2021.
12 Disponível em: https://fr.wikipedia.org/wiki/Roger_Brunet, acesso realizado em 05/05/2021.
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Titre | Tabela de estruturas elementares do espaço ou o alicerce da coremática. |
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Titre | Mapa-modelo da Polônia |
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Légende | Roger Brunet fotografado em diferentes fases de sua vida11 |
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Légende | Brunet e Claval recebendo o prêmio Vautrin-Lud no Festival Internacional de Geografia de 1996, em Saint-Dié-des-Vosges. Da esquerda para a direita: Jean Malaurie, Rémy Knafou, Roland Paskoff, Roger Brunet e Paul Claval.12 |
URL | http://journals.openedition.org/confins/docannexe/image/36575/img-11.jpg |
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Pour citer cet article
Référence électronique
Roger Brunet, « O mapa – modelo e os coremas », Confins [En ligne], 50 | 2021, mis en ligne le 03 juin 2021, consulté le 19 mars 2024. URL : http://journals.openedition.org/confins/36575 ; DOI : https://doi.org/10.4000/confins.36575
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