2Os estudos sobre esses espaços deram um destaque maior para o litoral, para as cidades litorâneas, que, por suas características, atraem pessoas para o usufruto desse contato com a natureza! Esta atitude foi construída ao longo da história, voltado em geral às camadas sociais mais privilegiadas, com tempo para o lazer e posterior popularização. Além das estações balneárias localizadas no litoral, também existem aquelas que surgiram no interior dos continentes, em lugares onde a água que corre e que jorra da terra apresenta características peculiares de composição química e temperatura. As termas também criaram espaços balneários, prometendo o bem-estar e ‘cura’ a doenças em virtude das propriedades da água.

3Estas formas espaciais – espaços balneários no litoral e as termas – constituíram-se como objetos de reflexão científica pela materialidade que criam, pela dimensão dos objetos e equipamentos que produzem, pelos agentes e instituições que se envolvem na organização espacial, pelo imaginário que despertam, enfim, pelas paisagens que resultam dessa junção de objetos e ações. Acrescente-se a este conjunto de condições a difusão de imagens publicitárias e a formação de um desejo que promete ‘lavar a alma’. O sol, o vento, a água em movimento, sua cor, seu ruído, seu odor; palmeiras ornando a orla, bares, restaurantes, residências de famosos, hotéis de luxo e muita gente, compõem o cenário imediato das cidades balneárias. As Termas, por outro lado, com outros atributos e outras lógicas de distribuição espacial, vão produzir outras formas de arranjo espacial, mas nem por isso deixaram de chamar a atenção dos estudiosos, que identificaram seu significado como espaço balneário de caráter terapêutico e sua articulação reticular, com caravanas permanentes em sua direção, seja em ônibus fretado ou em carros de passeio. Os rios, no entanto, só se prestaram aos estudos das ciências naturais ou às engenharias com vistas à produção de energia. Por quê?

4Marchal (1914), em seu estudo geográfico de uma estação balneária termal – Uriage – já apontava as características particulares desses espaços ritmados pelo clima; num estudo posterior sobre Ax-les-Thermes, Jeanne Reboul (1939) retoma o termalismo como objeto de estudo mostrando a trajetória histórica dessa estação termal, suas fontes e as estruturas que foram construídas para receber turistas. Sobre as estações balneárias marítimas, o trabalho de Louis Burnet (1957) “Tourisme et vilegiature sur les côtes de France”, traz a novidade temática, afirmando que seu trabalho preenche uma lacuna e aponta um novo ramo da Geografia Humana: o estudo da vilegiatura e do turismo.

5O que pretendemos apresentar aqui é a produção de espaços balneários para a prática do banho de rio, este ato tão ancestral à humanidade e que continua sendo realizado em diversos lugares do mundo. Como ato ordinário, banal e corriqueiro de populações, o banho de rio, ao contrário dos espaços balneários litorâneos e as estações hidrominerais, não foi apropriado pelos circuitos comerciais ou turísticos em larga escala e, talvez por isso, não mereceu a atenção de um estudo dessa experiência. Mais que isso, pensamos que a redução do hábito das pessoas tomarem banho de rio está associado à degradação dos rios e a qualidade da água como resultado da expansão urbana – correção do leito, aterros, dejetos -, o desenvolvimento de técnicas como o tratamento e o armazenamento de água em casas, seguido do serviço de abastecimento público e, por fim, talvez mais importante: o significado dado ao banho de rio na modernidade remete, em nosso imaginário, a um ato primitivo no seu mais amplo sentido. Nossa principal referência empírica será o Brasil, portador da maior bacia hidrográfica do mundo, procurando mostrar a existência de formas espaciais próprias ao banho de rio, de espaços balneários que, sem a magnitude das rivières, dos promenade, de los malecon, dos calçadões da beira-mar, das termas de águas quentes, são criados para proporcionar ao ser humano a feliz sensação de um mergulho em água doce.

6Este trabalho está dividido, basicamente, em duas partes, onde na primeira delas dedicaremos atenção a estabelecer algumas distinções gerais entre o mar e o rio como espaços balneares, reconhecendo a supremacia indiscutível do mar na produção desses espaços. Na segunda parte será apresentado um esboço sobre a bacia amazônica e sua diversidade interior que proporciona o usufruto diferenciado das suas águas para o banho, destacando como esta prática ocorre na cidade de Manaus e a consequente produção dos espaços balneários.

1. O mar e o rio como espaço de banho

1.1 O mar

1.2 O rio

11Os rios são mais diversos que o mar. Os estudos de Hidrografia e de Geomorfologia fluvial desenvolveram sistemas de classificação dos rios em virtude da morfologia procurando identificar padrões dependendo de uma combinação com o relevo, com o solo e com o clima. Essa grande diversidade natural faz com que alguns rios se tornem mais apropriados que outros para o banho de rio, pois dessa diversidade tem-se água com características diferentes em volume, em quantidade de sedimentos e em temperatura. Porém a grande diferença com o mar é o fato de ser “água doce”: característica que permitiu a formação de grandes aglomerações na antiguidade, servindo para a alimentação, higiene, limpeza e a irrigação das plantações. Hoje, grandes aglomerações urbanas de frente para o mar, drenam água doce de dezenas de quilômetros de distância para o uso doméstico, industrial, etc.

14É importante reconhecer que os banhos de rio não perderam o seu encanto como mostraremos a seguir, todavia, com a expansão das cidades, com a formação de grandes aglomerações urbanas, os rios, em diversos lugares do mundo, terminaram se transformando em depósitos de resíduos sólidos e líquidos, residenciais e industriais, alterando substancialmente a qualidade da água e mesmo “matando” a vida dos rios e o lazer. Esta prática também perde importância nas áreas próximas aos litorais ou são substituídas pelos banhos de piscinas artificiais em clubes fechados, por outro lado, no interior dos continentes, muito longe das praias, a tendência foi de procurar novas áreas afastadas, com água limpa para tomar banho de rio. A reprodução de “modelos de civilização”, de urbanização, de vida moderna com regulação do tempo do trabalho e do descanso, dá a vitória ao imaginário do mar como lugar do lazer.

15No entanto, como resultado da pressão ecológica sobre os mais diversos ambientes nos últimos trinta anos, verifica-se o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à recuperação dos rios urbanos (Lechner, 2006), com o objetivo de dar novos usos às margens dos rios, com jardins, vias expressas, ciclovias, estacionamentos, recuperação de áreas portuárias, passeios de barcos, áreas de passeios com diversos serviços de alimentação e, no limite, a possibilidade de retorno aos banhos de rio com a construção de praias artificiais. Pelletier (1990) e Bonin (2007) apontam essas mudanças na paisagem urbana de diversas cidades na França. Mas, surpreendente mesmo é a reportagem de Sonnete (2007) que destaca o retorno do banho de rio como uma nova moda nas cidades de Berlim, Copenhagen, Londres e Paris (figura 2). Nesta cidade, que pretende sediar os Jogos Olímpicos em 2024 e pensa organizar o triathlon com 10 quilometros de nado livre em pleno rio Sena, a Paris Plage já atrai milhares de pessoas durante o verão para tomar banho nesse rio. (Pradel, Simon, 2012).

17Machado (2013) recupera a história do rio Guaíba, em Porto Alegre, como espaço balneário; sobre os banhos no rio Iguaçu e rio Paraná, a pesquisa de Narita (2015) mostra a memória afetiva dos banhistas; Silva (2015) desenvolve sua pesquisa em Bonito-MS e a atração pela água cristalina. Do rio Tietê, em São Paulo, há inúmeros relatos e pesquisas sobre a história do uso para a recreação; – banho, esportes aquáticos-, a navegação e a captação de água para o abastecimento urbano. Melo (2007), Machado (2003) e Gaspar (2003), destacam os banhos no rio Capibaribe, no Recife, em meados do século XIX, que, posteriormente, dada a poluição e a descoberta dos “banhos salgados” nas Casas de Banho, foram sendo deixados de lado. A particularidade das águas quentes produziu o complexo balneário existente em Caldas Novas- Goiás. Outros tantos rios que cortam inúmeras cidades brasileiras, de todos os portes, poderiam ser citados e, certamente, haveria uma repetição dessa narrativa dos usos, costumes, poluição e abandono.

18Atitudes de preservação também vem sendo adotadas em muitos rios para assegurar um banho em águas limpas, seja pelo poder público, seja pelos proprietários privados que criam esses espaços de lazer em cidades distantes do litoral. Insistimos aqui no fato de que os espaços balneários, enquanto forma espacial, podem estar tanto no litoral quanto nos rios, pois a função é a mesma: proporcionar o lazer, a diversão, o lado lúdico do ser humano. Distinguem-se, no entanto, quanto a sua formação histórica e os processos sociais que definem sua incorporação pela sociedade, assim como quanto às estruturas sociais existentes que determinam o uso da forma (Santos,1985). Empiricamente, distinguem-se pela dimensão material que criam para as classes de banhistas: os suportes, as estruturas físicas; pela escala da rede urbana que abrange: alguns essencialmente locais, outros internacionais; pelos agentes que se envolvem – público ou privado- e que se dispõem a investir capital nessa atividade cuja característica básica, primordial, que atravessa a Terra de polo a polo, é a sazonalidade.

2. Espaços balneários na bacia amazônica

2.1 Um mundo quente, úmido e cheio de rios

19As características climáticas da Amazônia são amplamente favoráveis ao banho de rio durante todo o ano. Em primeiro lugar, a temperatura média da região é de 26º ao longo do ano, variando mais para cima do que para baixo; assim, a rigor, não há ‘estações do ano’ claramente definidas como nas zonas temperadas, existindo, sim, a definição de períodos com maior e menor pluviosidade; em segundo lugar, a umidade na região é elevada, em geral acima de 60%, como decorrência, principalmente, da evapotranspiração, que é a evaporação da grande massa florestal equatorial, associada à evaporação dos rios, provocando uma sensação térmica mais elevada e fazendo o corpo humano suar mais intensamente; enfim, em terceiro lugar, a amplitude térmica – variação entre a temperatura máxima e mínima – é muito pequena, o que evita também águas geladas e desconfortáveis ao banho. Ou seja, o clima quente e úmido é uma condição excepcional para o banho de rio.

20Se a temperatura em si é favorável ao banho ao longo de todo o ano, é o regime fluvial, condicionado também pela pluviosidade, que cria a sazonalidade e proporciona períodos mais favoráveis ao banho. Nos períodos de rio baixo, afloram praias em vários rios da Amazônia, momento em que se criam espaços balneários com estruturas simples e móveis, pois devem ser removidas quando os rios voltarem a encher. Sobre o regime fluvial é importante lembrar que a variação média do nível das águas entre o período mais cheio e o período mais seco é, na região da Amazônia central, de cerca de 16 metros, valor substancial para uma planície.

22São estas as condições naturais existentes na bacia amazônica que, historicamente, asseguraram às populações ao longo do ano uma relação de intimidade com as águas, de usufruto, de lazer, de descanso e de contemplação. Mas é justamente nos períodos de calor mais intenso, que coincide com o período de rios mais baixos e a exposição das praias fluviais, que a alegria, a felicidade e as festas ocorrem. Isto é representado pelos inúmeros “Festivais de Verão” que acontecem nos mais distintos espaços balneários da Amazônia: em Guajará Mirim, na fronteira do Brasil com a Bolívia, o Balneário do Célio, de propriedade privada, às margens do rio Pacaás-Novos, realiza esses eventos; em Porto Velho, o Balneário Rio das Garças, também privado, recebe centenas de banhistas todo final de semana com uma estrutura de restaurantes, barracas e campos de futebol para o lazer. Em Santarém, o Distrito de Alter do Chão, com suas praias às margens do rio Tapajós, vem sendo consolidado como um espaço balneário relevante, sendo divulgado como o “Caribe Amazônico”, tendo infraestrutura hoteleira e outras de suporte aos banhistas (Figura 3). Ainda no rio Tapajós, em Itaituba, o “Itaverão”, realizado há duas décadas na Praia Paranamiry, é uma festa onde são realizadas competições esportivas, shows com cantores regionais e a escolha da garota verão; de modo semelhante, ocorre o Festival de Verão na cidade de Maués, Amazonas, às margens do rio Maués, com a montagem de infraestrutura de palcos para shows, barracas de alimentação e mesas e cadeiras para os banhistas. No rio Tocantins, a praia da Tartaruga, no município de Peixe-Tocantins (figura 4), recebe na temporada de verão, segundo a prefeitura local, cerca de 160 mil turistas, oferecendo toda infraestrutura de apoio aos banhistas, com palco para shows, barracas com mesas, cadeiras e guarda-sol, alimentos e bebidas. No encontro do rio Tocantins com o rio Araguaia está a cidade de Conceição do Araguaia, que promove anualmente suas festas de verão nas praias que afloram nos rios. No estado de Roraima, além das praias no rio Branco, em Boa Vista, que abriga alguns espaços balneários, é o “Complexo turístico Lago do Robertinho”, localizado a 50 quilômetros de Boa Vista, com chalés, restaurantes, área de camping, futebol, vôlei, etc, que tem despertado o interesse de banhistas (Figura 5). Numa condição híbrida, entre o mar e o rio, está o balneário de Mosqueiro, em Belém, que desde o final do século XIX, constituiu-se como espaço de veraneio dos moradores ricos de Belém (Tavares,2005). Este “modelo” de usufruto dos rios para o lazer é recorrente em toda a bacia amazônica, repetindo-se no rio Marañon, em Iquitos-Peru, com a Playa de Pampachica; Playa Verde no rio Caquetá e outras no rio Putumayo, na Colômbia; no rio Beni, na Bolívia.

23A intenção dessa descrição não foi realizar um ‘catálogo’, um ‘guia turístico’, um ‘inventário’ das praias de rio na Amazônia, que poderia se estender por outros tantos rios, mas revelar que a prática social do banho de lazer, seja em espaços balneários bem equipados e movimentados, públicos ou privados ou em espaços balneários cuja estrutura seja mais simples, é parte da existência humana: mergulhar é um ato de prazer, é incorporar-se à natureza, ser envolvida por ela, certamente tão agradável quanto escalar montanha, esquiar, remar, caminhar em trilhas, cavalgar, pedalar, etc. Portanto, embora tradicionalmente a Geografia tenha valorizado mais as reflexões sobre as formas que compõem determinado arranjo espacial, principalmente aquelas que deixam fortes marcas de alteração na paisagem, colocando em segundo plano as ações dos sujeitos, o que queremos reforçar aqui é que as pequenas inscrições humanas sobre a Terra, também merecem ser objeto de interpretação somada ao sentido que tais sujeitos dão a estas inscrições que criam. Sem dúvida, uma extensa monocultura, um aglomerado industrial, uma metrópole, uma vila olímpica, uma praia apinhada de pessoas, etc, chama mais atenção ao pesquisador do que um sítio, um povoado, um campo de futebol de várzea, uma oficina de artesanato ou um trapiche na beira do rio em virtude de suas dimensões materiais, da maneira como aparecem compondo a paisagem. Todavia, hoje reconhecemos que se deve ir além das formas, do visível que nos impacta, para descobrir o significado, o conteúdo dessas formas espaciais e os processos que as produzem.

3.2 Espaços balneários em Manaus

24Vimos acima alguns exemplos de espaços balneários que estão dispersos na Amazônia e que se constituem em verdadeiros “espaços balneários” para a população local. É importante ressaltar que este “modelo” de espaço balneário se reproduz em centenas de cidades, quando se aproveitam determinados rios para o banho de lazer nos finais de semana e nos períodos menos chuvosos. Porém não podemos deixar de lembrar que esta prática social possui um caráter endógeno, próprio, afinal, com um clima sempre quente, sempre úmido e uma infinidade de rios, as populações originárias incorporaram de há muito tempo o banho higiênico e de lazer em suas vidas, transmitindo como legado às populações que aí se instalaram após a colonização.

27Em segundo lugar, uma outra forma de espaço balneário que vem se tornando atraente nos últimos dez anos na cidade de Manaus, é a construção de estruturas flutuantes dotados de restaurantes, área para sol, para dança, rampas de acesso ao rio, piscina natural cercadas com tela nas laterais e no fundo. Sendo estruturas flutuantes, algumas são presas às margens, permitindo o acesso rodoviário, outras são ancoradas nos rios com acesso apenas fluvial, movem-se segundo o regime fluvial, deixando de funcionar no período chuvoso. Podemos afirmar, com certeza, que estas estruturas são, também, derivadas do hábito amazônico de moradias flutuantes, uma forma de enfrentar o regime anual de enchente e vazante dos rios. (figura 9).

Conclusão

28Compreender a espacialidade da sociedade exige que se reflita sobre as formas espaciais que cada uma cria, o momento de sua criação, as necessidades imanentes ou exógenas e o sentido dado a cada uma dessas formas. A distribuição dessas formas espaciais segue determinada lógica podendo, portanto, resultar em concentração ou dispersão, sofrendo a mediação da cultura. A duração das formas espaciais pode condicionar os rumos das práticas sociais enquanto sua função permanecer a mesma, todavia, sabemos que a função é menos perene que a forma porque o significado imposto à forma pela sociedade pode mudar. Com essa pista podemos compreender a perda de centralidade exercida por uma cidade; a decadência e ascensão de novos espaços produtivos; o surgimento de novas localizações; mudança de localização portuária em virtude da criação de novas rotas de circulação; o significado de uma floresta, rio, mar ou montanha; o surgimento de novas práticas sociais que exigem a criação ou reconfiguração de novos espaços destinados àquela prática. É uma grande novidade ver ginásios esportivos lotados sendo usado para competições virtuais (videogame). O lazer também é consumidor de espaços de diversas dimensões materiais: os “espaços esportivos” vão desde um autódromo, um campo de golfe, um estádio de futebol até às pequenas quadras de esportes numa comunidade ou praças convertidas em áreas de distração infantil; os “espaços balneários” vão desde a extensa praia dotada dos mais diversos equipamentos, atraindo, por força da imagem, banhistas capturados por uma rede escalar também extensa que envolve outros equipamentos (rede de hotéis, agências de turismo, locadora de veículos, restaurantes, etc), até às pequenas praias de difícil acesso, os banhos de cachoeira, em lagos de represa hidrelétrica e o banho de rio.

29Na Amazônia, a cultura dos banhos nos mais diversos ambientes aquáticos, herdada dos povos originários, emerge da associação sol, calor, umidade e rios. A produção de espaços balneários, públicos e privados, com características próprias, difundiram-se na região como resultado do hábito vernacular do banho de rio. É válido ressaltar que a primeira forma de regulação do uso é dada pela natureza, pelo regime fluvial de enchente e vazante, que submerge as praias fluviais. As alternativas a isso são os “espaços balneários” construídos com o represamento de pequenos cursos d’água, formando piscinas para o usufruto dos banhistas. Estão dispersos por toda a Amazônia possuindo um caráter e uma rede eminentemente local, ou seja, estão localizados no entorno das cidades de todos os portes garantindo o lazer da população.

30Enfim, mostramos como na cidade de Manaus, localizada no centro da Amazônia – distante do oceano Atlântico 1.500 quilômetros; 2.000km do mar do Caribe; e 2.500km do oceano Pacifico – o banho de rio recebeu vários significados ao longo dos últimos três séculos, sendo surpresa para os primeiros exploradores nos séculos XVII e XVIII, maravilhoso para os naturalistas e cientistas do século XIX, proibido pelas regulamentações impostas no período da “belle époque amazônica”, e finalmente volta a ser prazeroso ao longo do século XX, possuindo várias tipologias para usufruir a sensação de mergulhar em água doce.