2Um mapa interativo, disponível no site oficial da Eau de Paris (http://www.eaudeparis.fr/​), foi a grande inovação dessa campanha e serviu para produzir as figuras aqui anexadas, além de uma apresentação sobre o seu sistema de coleta, tratamento e distribuição de água, sendo as fontes apenas a sua face mais visível.

3Com o decorrer dos séculos, vários tipos de fontes públicas foram instalados na cidade, alguns dos quais se tornaram ícones de Paris, e o esforço para a criação de novos modelos perdura até hoje.

As primeiras fontes públicas

4A Fonte Maubuée (1733) é uma das mais antigas – há relatos sobre ela nas cartas-patentes do rei Carlos VI, de 1392, que eram destinadas a pôr um fim às concessões particulares legais ou ilegais em relação à água da cidade. Ela recebeu esse nome – que significa em francês “água de lavagem” (mauvaise buée ou mauvaise lessive) – devido à má qualidade da sua água, que vinha das nascentes de Belleville.

5A atual fonte foi construída em 1733 por Jean Bausire e seu filho, Jean-Baptiste Augustin. Ela foi removida em 1937 e realocada em seu sítio atual, em frente ao Centro Georges Pompidou (4º distrito de Paris).

6Uma das fontes públicas mais conhecidas é a Fonte des Innocents (1550, declarada monumento histórico em 1862). Imponentemente instalada no centro da praça Joachim du Bellay (1º distrito), ela tem uma forte ligação com a história da capital. Duas vezes deslocada, sofreu diversas modificações com o passar dos séculos: no século XVIII, o rei Filipe II havia instalado em Paris suas três primeiras fontes públicas a partir do aqueduto de Belleville. A Fonte des Innocents, à época no cruzamento da rua Saint Denis e da atual rua Berger (1ºdistrito), era uma delas. Foi reconstruída não muito longe dali, em 1550, pelo escultor Jean Goujon e pelo arquiteto Pierre Lescot, em homenagem a Henrique II.

Os modelos clássicos

Fontes de parques e jardins

7O maior número de fontes (938) encontra-se em parques e jardins, dos mais conceituados aos mais simples. Entre as mais famosas, podemos mencionar aquelas que embelezam os jardins situados entre a Torre Eiffel e o Trocadero.

8Já entre as mais modestas figuram aquelas dos cemitérios, cujo objetivo é permitir que as famílias reguem as plantas dispostas sobre os túmulos. Devido à falta de espaço na Paris intramuros, os cemitérios parisienses foram construídos em regiões periféricas, onde a Eau de Paris as instalou e as mantém até hoje.

Bebedouros

9Administrador no período de Napoleão I, em 1810, e depois subprefeito do distrito do Sena no reinado de Luís Felipe I, Claude-Philibert Barthelot de Rambuteau (1781-1869) é o precursor das primeiras grandes obras parisienses. Atento às teorias higienistas da época e aplicando seu lema “água, ar, sombra”, ele modernizou a rede de esgotos, mandou construir inúmeras fontes e desenvolveu as áreas verdes e a plantação de árvores nas avenidas.

10Rambuteau concebeu e generalizou os bebedouros, situados principalmente nos parques e jardins da capital. Paris contava com 146 deles em 1830 e com cerca de 2.000 em 1848. Esse aumento foi possível graças à padronização das fontes, todas construídas seguindo um mesmo modelo. Depois, os modelos se diversificaram, mas seu projeto segue orientado pela simplicidade. Hoje em dia, muitos exemplares em ferro fundido coexistem, ainda que seu número tenha diminuído muito desde a época de Rambuteau.

1872 - As fontes Wallace

11Essas fontes são reconhecidas no mundo inteiro como um símbolo de Paris. Sir Richard Wallace (1818-1890) ficara comovido com o sofrimento dos parisienses durante o cerco de 1870-1871, que privara a capital de água potável. Esse rico inglês então doou à cidade cinquenta fontes de água potável.

12Na época, sua missão era ao mesmo tempo estética e higiênica: embelezar a cidade, permitir que os parisienses pudessem matar a sede e melhorar seu bem-estar e sua higiene. A água encanada em casa ainda não era algo comum, mas as grandes obras de urbanismo empreendidas pelo barão Haussmann permitiram otimizar as fontes de abastecimento de água da capital. A primeira Fonte Wallace foi inaugurada em 1872, e o entusiasmo foi imediato. Hoje, contam-se 119, que funcionam como no primeiro dia.

13Existem três tipos de Fontes Wallace: os modelos pequenos, terminais simples com botões de pressão; os modelos “fixados” nas paredes; e o modelo com colunas, composto por um domo sustentado por quatro cariátides, que hoje representa um elemento marcante do patrimônio parisiense

As Fontes do Albiano

14Em 1855, perfurações realizadas no aquífero do Albiano revelaram a existência de uma meia dúzia de poços artesianos – locais de onde a água jorra espontaneamente, sem bombeamento. Embora as perfurações antigas tenham sido condenadas, cinco novos poços foram construídos entre 1996 e 2002, todos usados atualmente como suprimento de água de emergência. Três deles são equipados com fontes públicas situadas na praça Paul Verlaine (13º distrito), no parque Lamartine (16ºdistrito) e no parque de la Madone (18º distrito).

15Um fato particular: a água das fontes é pouco mineralizada e muito rica em ferro. Por isso, são equipadas com um sistema que regula a quantidade desse metal a fim de torná-la própria para consumo.

Os modelos novos

As Fontes do Milênio

16Silhuetas de costas uma para outra que evocam Vênus contemporâneas. Apelidadas de “carregadoras de água”, essas fontes foram criadas pela agência Radi Designers na ocasião de um concurso lançado em comemoração à passagem dos anos 2000. Existem quatro delas localizadas no largo da igreja Notre Dame (4º distrito), na praça Saint Michel (6º distrito), no cais François Mauriac e na Biblioteca François Mitterrand (13º distrito).

A Fonte Totem

17Essa nova fonte, concebida nas oficinas da Eau de Paris, é feita em inox, um material sustentável, e foi construída na primavera de 2012, no largo da Prefeitura (4º distrito). Desde 2013, ela também enfeita os passeios das margens do rio Sena oferecidos aos pedestres.

18No total, dez fontes desse modelo estão distribuídas pela capital.

Os punhos d’água

19Construídas a partir de outubro de 2012, as divertidas silhuetas em ferro representam dândis africanos esperando o bonde T3, entre a estação Porte d’Ivry e a estação Porte de la Chapelle. Elas estão presentes em cinco modelos e são obra da artista Pascale Marthine-Tayou.

A Fonte Borbulhante

20Fontes de água fresca e gaseificada foram instaladas em treze diferentes locais, dentre os quais, o jardim de Reuilly (12º), o parque André Citroën (15º), a sede social da Eau de Paris, na rua Neuve Tolbiac, 19 (13º), os jardins de Éole (18º), o parque Clichy Batignolles - Martin Luther King (17º), o parque Séverine (20º) e às margens do Sena, no cais Anatole France, 4 (7º).

O arco

21Seu formato em “o” e seu design refinado são inconfundíveis, mas a designer Cécile Planchais elevou ainda mais suas exigências ao fazer de sua fonte um objeto facilmente acessível: ela foi construída para permitir que todos possam se hidratar com facilidade (pedestres, ciclistas, adultos, crianças e também pessoas com deficiência).

Eau de Paris

O abastecimento

23A empresa Eau de Paris garante a produção de água potável (captação nas fontes superficiais ou subterrâneas, tratamento adaptado aos níveis de qualidade desejados), o seu transporte para tanques de armazenamento por rede de aquedutos e tubulações, a distribuição de água potável para associados e usuários e a exploração da rede de distribuição e equipamentos auxiliares.

24Para transportar as águas subterrâneas até as portas da capital, Eau de Paris conta com três aquedutos principais: Vanne, Loing e Avre, com um total de 470 km. Construídas entre o fim do século XIX e o início do século XX, essas obras estão em constante reforma e modernização.

25Uma vez nas portas de Paris, a água é armazenada em cinco reservatórios antes de ser distribuída aos parisienses: o reservatório de Montsouris (construído no século XIX por Eugène Belgrand, engenheiro do Barão Haussmann e pai da rede de água potável e esgoto de Paris), mas também Les Lilas, Ménilmontant, Saint-Cloud e L'Haÿ-les-Roses.

26A rede intramural de água potável de Paris representa 2.000 km de canais, 70% dos quais na margem direita do rio Sena e 30% na margem esquerda. 95% das tubulações de água potável estão localizadas em esgotos ou galerias e podem ser visitadas. Por isso, Paris tem uma das melhores redes de água potável da França, com uma eficiência superior a 91% para uma média nacional de cerca de 80%.

O consumo

27Os parisienses consomem mais durante o verão e pela manhã. Um estudo de 2012 constatou que os maiores níveis de consumo foram observados entre o fim do mês de junho e o começo de julho, quando as temperaturas estavam elevadas e os parisienses ainda não haviam deixado a capital para as férias de verão. No dia 28 de junho, foram registrados 626.000m³ de água consumida em uma temperatura de 32,6ºC. O menor consumo foi constatado no dia 25 de dezembro (371.000 m³). Em termos de horário, o pico do consumo se dava entre 8h-8h30 durante a semana e em torno de 10h no final de semana.

28Legenda da figura: Consumo médio dos parisienses

29Você sabia? Um parisiense consome em média 120 litros de água por dia, ao passo que a média nacional é de 160 litros por dia.

30À esquerda:

31Lavadora de roupas = 39 a 84 litros

32Banho de banheira = 120 a 150 litros

33Banho de chuveiro = 20 a 60 litros

34Lavadora de louças = 10 a 18 litros

35Lavagem de louça à mão = 10 a 20 litros

36Descarga = 3 a 12 litros

37À direita:

381%: Bebidas

3910%: Alimentação

4012%: Roupas

4139%: Higiene

4220%: Sanitários

4312%: Outros usos

44A regulamentação do serviço público de água, revista em 2012, permite que Paris mantenha o abastecimento de água, no âmbito de uma autorização concedida a título excepcional, no caso de ocupação de uma propriedade privada por moradores que não justifiquem qualquer direito ou título. A Eau de Paris então manteve abastecidos três edifícios parisienses e assinou, no fim de 2012, acordos de abastecimento com os representantes de dois deles, que pagam suas contas de água. Esse mecanismo essencial permite que os ocupantes usufruam de condições decentes no dia a dia, já que a água representa o principal bem essencial à vida.