1A “Província Mineral Carajás” está localizada no centro-leste Estado do Pará. É uma das grandes regiões de mineração do mundo e uma das principais do Brasil, pois não é apenas a sua segunda região de maior produção de minério de ferro (logo atrás do “Quadrilátero Ferrífero” de Minas Gerais), mas também contém uma grande variedade de minerais: cobre, manganês, níquel, ouro e platina.

2A primeira imagem, uma copia de tela anotada do Google Earth, a situa na Amazônia, ao sul de Belém e do Amazonas, entre a Rodovia Transamazônica (leste-oeste), a BR163 (sul-norte), que aparecem bem na imagem, e a Belém-Brasília, que não aparece porque é indistinguível nos desmatamentos que avançaram na direção noroeste.

3A província mineral é claramente visível, mesmo sem a moldura vermelha ao redor, porque está incluída em uma área protegida, a Floresta Nacional de Carajás, uma área de uso sustentável de quase 400.000 hectares. Essa, por sua vez faz parte de um conjunto de cinco unidades de conservação (Figura 2) gerenciadas em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

• Floresta Nacional de Carajás (395 827 hectares)

• Floresta Nacional do Itacaiúnas (51 236 hectares)

• Área de Proteção Ambiental do Igarapé Gelado (23 286 hectares)

• Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri (190 000 hectares)

• Reserva Biológica do Tapirapé (103 000 hectares).

4As áreas exploradas pela mineradora ocupam atualmente menos de 2% dos aproximadamente 763.349 hectares que compõem esta área protegida, aos quais devem ser acrescentados os 439.000 hectares da Reserva Indígena Terra Indígena Xikrin do Cateté

5O perímetro dessas áreas protegidas tem sido progressivamente revelado pelos desmamamentos de todas as terras ao seu redor, como mostrado na Figura 3, que foi criada pela combinação de imagens mais antigas obtidas do módulo de história do Google Earth.

6Pode-se ver a nestas imagens que na forma geral da província, lembrando a cabeça de um cão, há uma indentação entre o “focinho” e as “orelhas”. Isto foi causado por uma fraqueza na proteção original da província mineira, que deixou seu flanco norte exposto, onde corre a linha ferroviária para a exportação do minério. Camponeses sem terra, muitos dos quais haviam sido garimpeiros durante a corrida para o ouro da Serra Pelada, começaram a se estabelecer ali, avançando cada vez mais para o oeste, como mostra a Figura 4. Para combater essa ameaça, foi criada a Área de Proteção Ambiental (APA) do Igarapé Gelado, um status que permite a manutenção da atividade humana na área.

7Estreitando o foco, podemos observar o crescimento paralelo das minas da Serra Norte e da cidade de Parauapebas: as primeiras estão gradualmente ampliando a sua área, muito visível pelo contraste entre as rochas vermelhas e o verde da floresta tropical, a segunda está crescendo pouco a pouco à medida que os migrantes são atraídos pela perspetiva (muitas vezes ilusória) de encontrar trabalho nas minas ou nas atividades de apoio criadas ao seu redor.

8Aproximando-se um pouco mais, o crescimento da cidade de Parauapebas pode ser acompanhado com mais precisão. No censo de 2010 (o último disponível) ele tinha uma população de 153.908 habitantes e sua população estimada pelo IBGE era de 218.787 em 2021. O município foi criado em 1988, separando-se do município de Marabá, e seu crescimento tem sido rápido desde então:

91991 53 335

102000 71 568

112002 80 761

122003 84 376

132004 88 519

142005 91 621

152006 95 225

16A Figura 5 traça os principais estágios deste crescimento como aparece nas imagens do Google Earth, ou sobrepondo na mesma figura alguns dos estágios da extensão progressiva da mancha urbana.

17Figura 6 O crescimento de Parauapebas