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Avaliação dos fatores que influenciam na percepção de risco de inundação: uma revisão sistemática de pesquisas empíricas

Assessment of factors influencing flood risk perception: a systematic review of empirical research
Évaluation des facteurs influençant la perception des risques d’inondation : examen systématique de la recherche empirique
Murilo Noli da Fonseca, Carlos Mello Garcias et Luciene Pimentel da Silva

Résumés

Connaître les principaux facteurs qui influencent le degré de perception du risque d’inondation des différents acteurs d’un système urbain est fondamental pour permettre des changements de comportement et le développement de mesures plus efficaces pour réduire les risques et la préparation face à la survenue d’une inondation. Cette recherche vise à évaluer les facteurs qui influencent le degré de perception du risque d’inondation dans la promotion d’actions affirmées pour l’adaptation et l’atténuation du changement climatique. La méthodologie implique une revue systématique de la littérature en tant que technique de recherche. Les études mettent en évidence une tendance selon laquelle les répondants plus âgés, plus expérimentés dans les inondations, plus sensibilisés, revenus mensuels plus faibles, scolarité inférieure et moins confiants dans le gouvernement présentaient une plus grande perception du risque. En outre, ils indiquent des lacunes importantes dans les compréhensions actuelles, soulignant le manque de preuves de la relation entre les perceptions du risque et le comportement d’atténuation, et un échec à utiliser les structures théoriques dans la recherche. Il est suggéré, à titre de stratégie de gestion des risques, qu’elle soit adaptée aux différents groupes de population, en tenant compte des caractéristiques et des besoins de chacun d’eux.

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Crédits : Isac Nóbrega/PR, https://commons.wikimedia.org

1As inundações são o fenômeno natural mais frequente no mundo e estão aumentando em gravidade, duração e frequência (Kerim; Zeynep, 2021), provocando diversos impactos, especialmente em países em vias de desenvolvimento e em grupos populacionais com fragilidade econômica e vulneráveis (Jongman, 2018). Os danos provocados são até agora impulsionados pelo crescimento da população e das atividades econômicas em áreas suscetíveis, sobretudo nos continentes africano e asiático (Tellman et al., 2021), na Europa Ocidental e na América do Sul (Dottori et al., 2018), os quais podem ser agravados pelas mudanças climáticas (Kerim; Zeynep, 2021).

  • 1 “É uma forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia – públicos ou privados – para (...)

2Na América Latina, os impactos podem ser mais intensos em virtude da urbanização exponencial e desregulada das planícies de inundação, degradação de bacias hidrográficas pela atividade antrópica, falta de preparação e resiliência, pobreza, políticas públicas ineficientes e problemas de infraestrutura (Sandoval; Sarmiento, 2020). No Brasil especificamente, os 872 municípios monitorados pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden) totalizam 8.270.127 pessoas e 2.471.349 domicílios expostos aos riscos de desastres hidrometeorológicos, dos quais 17,8% correspondiam a crianças e idosos (IBGE-CEMADEN, 2018). Ainda, o número de aglomerados subnormais1 no país dobrou entre 2010 e 2019 (IBGE, 2020).

3Para limitar as consequências e tendências do risco de inundação são necessárias estratégias de gestão. A proteção absoluta é inatingível pois a eficácia e sustentabilidade delas varia conforme o contexto local e o planejamento. Outras estratégias incluem medidas para possibilitar um maior grau de sensibilização e percepção sobre os riscos entre a população. Estudos com essa abordagem ganham ênfase à medida que diversos órgãos internacionais e instrumentos normativos, como o Marco de Sendai para Redução de Risco de Desastres 2015-2030 e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, assinalam que uma das estratégias para reduzir os riscos consiste em compreender como os grupos populacionais percebem os riscos de desastres e desenvolvem medidas de proteção e adaptação (UNDRR, 2015).

4A razão é que percepção de risco desempenha um papel fundamental no sucesso do processo de gestão de risco de inundação. Ela influencia não apenas no processo de preparação e no processo de tomada de decisão de comportamento, mas também a formulação e implementação de estratégias de gestão (Buchecker; Ogasa; Maidl, 2016). Ou seja, é um preditor das decisões das pessoas para se ajustarem aos riscos. Geralmente, indivíduos com níveis mais altos de risco de inundação percebido são mais propensas a adotar medidas de redução de risco, estar mais bem preparadas e ter uma ideia melhor do que fazer quando há um alerta do que aquelas com baixa percepção (Kienzler et al., 2015). Por outro lado, uma percepção de baixo risco pode levar as pessoas a uma falsa sensação de segurança e fazer com que negligenciem o risco.

5Logo, o objetivo do presente trabalho é avaliar os fatores que influenciam no grau de percepção de risco de inundação na promoção do desenvolvimento de ações de pré-ocorrência do evento. O conhecimento desses fatores pode contribuir positivamente no desenvolvimento de estratégias adequadas de gestão de risco, como o processo de comunicação, possibilitando diminuir o risco e aumentar a resiliência da sociedade, sobretudo dos grupos vulneráveis. Para tanto, empregou-se como procedimento metodológico a revisão sistemática da literatura, a qual visa a ampliação dos parâmetros de cientificidade de textos acadêmicos por meio da definição de processos e critérios metodológicos para a seleção e análise bibliográfica, atenuando, assim, vieses teóricos (Galvão; Pereira, 2014). O método foi aplicado nas duas principais bases de indexação de trabalhos existentes na atualidade: Web of Science (WoS) e Scopus.

Referencial teórico

6A percepção de risco é um processo pelo qual os riscos são subjetivamente, ou intuitivamente, compreendidos e avaliados por um indivíduo, grupo ou comunidade. Estudos mostram que vários fatores exercem influência na percepção de risco (Kellens; Terpstra; De Maeyer, 2013; Lechowska, 2018). O'Neill et al. (2016) classificam os fatores em cognitivos ou comportamentais (experiência direta e perdas, reações emocionais e afetivas, medo, preocupação), socioeconômicos (idade, sexo, estado civil, educação, renda e propriedade) e geográficos (distância ou proximidade de um perigo). Wachinger et al. (2013) sugerem quatro grupos de fatores: (1) de risco (características de um risco, probabilidade percebida), (2) informativos (fonte e nível de informação), (3) pessoais (gênero, idade, educação, ocupação, conhecimento, experiência, confiança e religiosidade), e (4) contextuais (situação socioeconômica, vulnerabilidade, casa, situação familiar, país, área de residência, proximidade, tamanho da comunidade, idade do filho mais novo). Lechowska (2018) resume consciência, medo e preparação como o “triângulo” da percepção de risco.

7Entretanto, a questão é como chamar a atenção de pessoas que ainda não foram afetadas por inundações. Criar consciência sobre o risco de inundação é uma tarefa difícil, visto que as pessoas não estão particularmente interessadas nelas (Bubeck et al., 2013). Particularmente, a “preocupação” foi identificada como um fator para explicar se as pessoas se informam sobre os riscos e se motivam a se preparar para um evento. Os riscos naturais, como as inundações, desempenham um papel secundário na vida das pessoas (Bubeck et al., 2013), pois a ocorrência do fenômeno e suas consequências não estão presentes no cotidiano das pessoas, como é o caso dos problemas relacionados ao trânsito, crime e saúde. Na Inglaterra e País de Gales, moradores ficaram surpresos ao descobrir que viviam em áreas de risco e que as inundações poderiam afetar propriedades em terrenos altos (Parker; Priest; Mccarthy, 2011)

8A experiência com o risco possibilita maior proteção, pois estimula a busca de informações e recordação de aspectos relevantes, maior envolvimento e níveis mais baixos de incerteza. As pessoas que vivem em regiões atingidas tendem a apresentar maior ciência do risco, estar mais preparadas e ter uma ideia melhor do que fazer quando há um alerta do que aqueles que vivem em regiões raramente afetadas (Kienzler et al., 2015). Mas, podem relutar em acessar informações, pois esperam não ser atingidos. Mesmo em áreas de risco, os moradores mais novos podem estar inconscientes ao comprar ou alugar um imóvel, pois a informação pode ser inexistente ou difícil de entender.

Procedimentos metodológicos

9Este estudo foi conduzido conforme a declaração de itens de relatório preferidos para uma revisão sistemática e meta-análise (PRISMA-DTA). Primeiramente, foi desenvolvido um protocolo de estudo que consistiu em formular a questão do estudo, definir os critérios de inclusão, desenvolver uma estratégia de busca em bancos de dados, recuperar os estudos e extrair os dados relevantes, avaliar os estudos recuperados, sintetizar e relatá-los.

Estratégia de busca

10Pesquisas sistemáticas foram realizadas nas bases Web of Science e Scopus, entre os dias 01 de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2020, e em três idiomas: português, inglês e espanhol. A estratégia de busca incluiu os seguintes descritores: “percepção” (‘perception’ e ‘percepción’) e “risco de inundação” (‘riesgo de inundación’ e ‘flood risk’), e outros termos associados com os operadores booleanos AND para “título, resumo e palavra-chave”. Outros recursos empregados foram a truncagem de palavras e o asterisco para as formas derivadas e plurais em seu título, palavras-chave ou resumo.

Critério de inclusão

11Os artigos relevantes foram lidos na íntegra e aqueles que preencheram os critérios de inclusão tiveram seus dados extraídos. Os estudos foram incluídos nesta revisão sistemática se atendessem aos seguintes critérios de elegibilidade: (1) apenas a modalidade “artigo; (2) o trabalho é revisado por pares; (3) trabalhos publicados entre 2010 e 2020; (4) visa a análise da percepção de risco de inundação; (5) pesquisas empíricas, realizadas com os cidadãos; e (6) a percepção é medida ou dada atenção específica à percepção desses riscos.

Extração de dados

12Os seguintes dados foram extraídos de forma independente por um dos pesquisadores: detalhes do estudo (autores, ano de publicação e país, número e tipo de participantes e métodos de entrevista), fatores e resultados da percepção de risco. Embora a revisão sistemática exerça controle sobre o enviesamento de pesquisas segundo a preferência do pesquisador, suas etapas tendem a desconsiderar vieses que sustentam as bases indexadoras, o que exige alternativas complementares de seleção de textos para além do protocolo.

Resultados

13Um total de 256 artigos foram identificados. Destes, 232 foram excluídos durante a triagem (leitura do título/resumo e critérios de inclusão/exclusão). Logo, 24 estudos foram incluídos na revisão (Fig. 1).

Figura 1: Protocolo de busca da análise bibliométrica nas bases Scopus e WoS

Figura 1: Protocolo de busca da análise bibliométrica nas bases Scopus e WoS

14Os estudos ilustram uma tendência de crescente interesse pelo tema a partir de 2016, com 76% d os trabalhos publicados em 2016 e 2018. A maior parte dos artigos são conduzidos por autores dos Estados Unidos (15,4%), Reino Unido (10,3%), Suíça, Áustria e Canadá (7,7% cada um), Alemanha, Grécia, Austrália, Irlanda, China, Espanha e Itália (5,1% cada um). Há uma concentração, portanto, de publicações de autores europeus (59%), norte-americanos (23,1%) e asiáticos (10,3%). Isto é, os países do sul global, especialmente da América Latina e África, são sub-representados nos artigos com o maior número de citações. Os principais periódicos são Risk Analysis (20,9%), Natural Hazards, Journal of Hydrology e International Journal of Disaster Risk Reduction (12,5% cada um). Os outros dez (41,7%) publicaram apenas um estudo. Isso mostra que a pesquisa de percepção de risco de inundação é apoiada por periódicos relacionados a riscos e perigos ambientais.

15Em relação ao tipo de inundação, a maioria dos trabalhos lida com inundações fluviais (33,3%), seguido pelas costeiras (8,33%). No que tange ao país da área de estudo, a maior parte das análises foi realizada nos Estados Unidos (15,4%), seguido pelo Canadá (11,5%), Espanha, Austrália, China e Grécia (7,7%), Romênia, Brasil, Suíça, Áustria, Reino Unido, Áustria, Sérvia, Taiwan, Irlanda e Nigéria (3,85% cada um). Em relação ao recorte espacial especificamente, os artigos realizam análises na escala municipal (62,5%), seguido por áreas de risco (20,1%), regiões (12,5%) e bacia hidrográfica (4,2%).

Teorias e métodos de pesquisa

16Os estudos empíricos analisados não utilizam uma estrutura teórica como base para as suas análises. Isso ocorre em da natureza exploratória das pesquisas, a qual se reflete nas características mensuradas de percepção de risco. Essas diferenças sugerem que não há conformidade sobre os tipos de perguntas ou elementos para mensurar a percepção de risco, resultando, assim, em uma miríade de avaliações. Dois artigos utilizam uma estrutura teórica como base. Adelekan; Asyianbi (2016) empregam uma abordagem psicométrica e Fox-Rogers et al. (2016), a Teoria da Motivação da Proteção. No primeiro, buscam descrever o fenômeno social de forma estatística, assumindo que há padrões cognitivos (Kellens; Terpstra; De Maeyer, 2013). O segundo reflete os processos cognitivos que levam a uma motivação de proteção em resposta a uma ameaça.

17Vários métodos de pesquisa também foram usados ​​para avaliar a percepção de risco nos artigos selecionados. Eles são, predominantemente, questionários fechados, aplicados online, por ligação telefônica ou presencialmente – via autor e colaboradores da pesquisa ou enviado pelo correio (QUADRO 1). Apenas uma pesquisa não utilizou o questionário, optando pelo grupo focal (Fox-Rogers et al., 2016). Também houve a aplicação de amostragem, incluindo por conveniência (Fuchs et al. 2017), estratificada (Thistlethwaite et al. 2018) e bola de neve (Ardaya; Evers; Ribbe, 2017).

18Quadro : Fatores que influenciam no grau de percepção de risco de inundação

Estudo

País do Estudo

Nª de participantes

Instrumento de pesquisa

Correlação significativa

Correlação pouco significativa

(Ardaya; Evers; Ribbe, 2017)

Brasil

217 residentes e funcionários públicos

Questionário e entrevista semiestruturada presencial

Experiência; Localização; Gênero; Meios de comunicação; Renda; Influência local e das instituições públicas; Fontes de informação

Idade; Anos de residência; Medidas sustentáveis; fazer parte da Defesa Civil;

(Box et al., 2016)

Austrália

62 pessoas atingidas por inundações

Questionário e entrevista presencial

Medidas estruturais; Alerta; Fontes de informação;

-

(Mills et al., 2016)

Austrália

420 pessoas

Ligações telefônicas e pesquisa online

Experiência; Mudanças climáticas; Aversão ao risco; Gênero; Tipo e a frequência da inundação; Impacto passado; Atitude; Capacidade percebida;

-

(Babcicky; Seebauer, 2017)

Áustria

226 famílias

Questionário em jornal

Renda; Local de residência; Experiência; Gênero;

Capital social; Idade; Escolaridade; Anos de residência

(Hanger et al., 2018)

Áustria, Romênia e Reino Unido

1.849 pessoas

Pesquisa telefônica

Experiência; Propriedade; Seguro; Incentivos

-

(Thistlethwaite et al., 2018)

Canadá

2.300 pessoas

Questionário online

Experiência

Idade; Renda; Escolaridade; Anos de residência

(Henstra et al., 2019)

Canadá

2.300 pessoas

Questionário online

Responsabilidade;

-

(Bodoque et al., 2019)

Espanha

201 pessoas

Questionário

Comunicação a longo prazo; Participação

-

(Bodoque et al., 2016)

Espanha

254 pessoas

Questionário e entrevista presencial

Rotas de evacuação; Ações de proteção; Conhecimento; Local de residência; Idade; Situação familiar; Tipo de casa; Área alagada

Comportamento de prontidão

(Lazrus et al., 2016)

Estados Unidos

26 moradores e 20 profissionais

Modelos mentais de entrevistas; entrevistas semiestruturadas e abertas

Experiência

-

(Gotham et al., 2018)

Estados Unidos

384 pessoas

Questionário por correio

Experiência; Gênero; Renda;

Raça; Propriedade da casa; Composição da família

(Ludy; Kondolf, 2012)

Estados Unidos

114 domicílios

Questionário por correio

-

Nível educacional; Renda anual

(Diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018)

Grécia

511 pessoas

Questionário

Confiança; Conhecimento; Proteção; Preparação; Idade; Gênero; Experiência; Estado civil; Escolaridade;

-

(Adger et al., 2016)

Reino Unido

356 famílias

Questionário e entrevista presencial

Preocupação; Vontade de agir; Consciência; Participação; Ajuda Humanitária; Medidas de proteção; Justiça distributiva e processual

Causas; Alerta;

(Roder et al., 2016)

Taiwan

65 pessoas

Questionário e entrevista presencial

Idade; Experiência; Escolaridade; Consciência; Medidas estruturais; Confiança;

Sexo;

(Adelekan; Asiyanbi, 2016)

Nigéria

1.000 pessoas em áreas de risco

Questionário e entrevista presencial

Idade;

Gênero; Escolaridade; Ocupação; Renda;

(Fox-Rogers et al., 2016)

Irlanda

18 pessoas em áreas de risco

Grupos focais

Medidas estruturais; Experiência; Consciência;

-

(Buchecker; Ogasa; Maidl, 2016)

Suíça

647 pessoas

Questionário e entrevista presencial

Medidas estruturais; Alerta; Confiança; Experiência; Mudanças climáticas; Mídias tradicionais; Tipo de residência; Atitude; Responsabilidade; Conscientização; Gestão

Medidas não estruturais; Participação; Comunicação;

(Liu et al., 2018)

China

98 pessoas

Questionário e entrevista presencial

Gênero; Escolaridade; Renda; Família; Experiência; Propriedade; Localização da residência; Idade; Probabilidade; Medo; Impacto; Conscientização

-

(Fuchs et al., 2017)

Grécia

312 vítimas de inundações

Questionário/entrevista presencial

Medidas estruturais; Fontes de informação; Renda; Responsabilidade; Consciência;

Evacuação; Idade; Renda; Danos;

(Wang et al., 2018)

China

719 pessoas em áreas de risco

Questionário/entrevista presencial

Gênero; Idade; Escolaridade; Renda; Conhecimento; Experiência; Educação; Responsabilidade; Confiança

Ocupação

(Shao et al., 2017)

Estados Unidos

3.856 pessoas

Pesquisa telefônica

Idade; Gênero; Raça; Altura da maré ; Localização; Experiência;

Escolaridade;

(Cvetkovic et al., 2018)

Sérvia

2.500 pessoas

Questionário/entrevista presencial

Gênero; Estado civil; Escolaridade; Consciência; Confiança; Evacuação; Fonte de informação;

Idade; Renda; Preparação;

(Tanner; Arvai, 2018)

Canadá

763 proprietários ou locatários

Questionário online

Vulnerabilidade; Mudanças Climáticas; Confiança; Localização; Evacuação; Autoeficácia; Medidas estruturais; Idade; Estado da residência

Experiência; Resposta; Gênero; Renda; Escolaridade.

19Conforme a fase do desastre, os artigos tratam a percepção de risco de inundação, principalmente, no âmbito da prevenção, seguido pela preparação.

Fatores que influenciam no grau de percepção de risco

20Nesta seção, apresentam-se os fatores identificados nos artigos que possuem um grau significativo de influência na percepção de risco de inundação. Os fatores sociodemográficos são os mais influentes (34,9%), sendo seguidos pelo comportamento (16,6%), experiência (8,6%), consciência (6,3%), aspectos relacionados à inundação e preparação (5,7% cada um) e exposição (5,1%). Os fatores com menor influência encontram-se vinculados às fontes de informação (4,5%), gestão e confiança (3,4% cada um) e responsabilidade (2,3%).

Consciência

21A consciência do perigo refere-se ao conhecimento de alguém sobre a gênese de um perigo, seus mecanismos de exposição e tipos de medidas de que podem evitar seus impactos. Em Taiwan, na China e na Sérvia, por exemplo, a maior parte dos entrevistados possuem um alto conhecimento do risco, sobretudo em virtude da experiência (Roder et al., 2016; Wang et al., 2018; cvetkovic et al., 2018). Por outro lado, em Lagos (Nigéria), a maior parte dos entrevistados alegou ter pouco ou nenhum acesso à informação sobre o risco de inundação, ou seja, o risco é desconhecido (Adelekan; Asiyanbi, 2016).

Confiança

22Quando as pessoas não têm conhecimento sobre um perigo, seus julgamentos são baseados no grau em que confiam nas autoridades responsáveis e nas medidas implementadas por eles. Os resultados mostram que os entrevistados que possuem confiança no governo e nas medidas estruturais (intervenções físicas no território) acreditam que estão seguros e, por isso, não veem motivos para se preparar (Wang et al., 2018). Por outro lado, na Grécia, os entrevistados apresentam baixos níveis de confiança nas autoridades e baixos níveis de conhecimento das ações de proteção e conscientização, bem como baixos níveis de preparação (Diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018). Outros estudos destacam que, onde o estado é percebido como cumprindo sua parte ao lidar com o risco de inundação, os entrevistados são mais propensos a assumir maior responsabilidade pela mitigação (Adger et al., 2016). Nas medidas de proteção, os moradores têm mais confiança nas formas tradicionais de gestão do que nas medidas não estruturais (Buchecker; Ogasa; Maidl, 2016).

Responsabilidade

23A responsabilidade de proteção reflete o grau em que uma pessoa se sente responsável por tomar medidas de proteção contra um perigo. Aqueles que acreditam que eles próprios devem ser responsáveis pela proteção apresentaram maior percepção de risco do que outros grupos. A razão pode ser que essas pessoas geralmente duvidam da eficácia das medidas de proteção públicas. Por outro lado, no Canadá, os proprietários não estão dispostos a aceitar maior responsabilidade, pois subestimam seu risco, mesmo em áreas de alto risco (Thistlethwaite et al., 2018). Na China, a maioria dos entrevistados entende que o governo e os especialistas devem assumir a responsabilidade de proteger o público da inundação (Wang et al., 2018).

Exposição física e experiências anteriores

24Até agora, estudos mostram que os efeitos da exposição a riscos de inundação e experiências anteriores ​​podem ter efeitos na percepção de risco e crenças na adoção de medidas de proteção. A exposição a um perigo é determinada pela localização da pessoa, que está relacionada à visibilidade e à distância ou proximidade do perigo (Roder et al., 2016). Na China, as pessoas que moram perto de rios têm maior percepção do que aquelas que moram longe, e as pessoas que moram perto de um grande rio possuem maior percepção do que aquelas que moram perto de um pequeno rio (LIU et al., 2018).

25As experiências anteriores comumente aumentam as percepções de risco (por exemplo, ardaya; Evers; Ribbe, 2017; Babcicky; Seebauer, 2017; Thistlethwaite et al., 2018; Liu et al., 2018; Tanner; Arvai, 2018) e a probabilidade de as pessoas adotarem medidas de proteção (por exemplo, diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018; Wang et al., 2018). Por outro lado, a experiência não é um fator diferenciador para percepções de risco (Tanner; Arvai, 2018). Na China, os entrevistados que sofreram com as inundações tiveram maior percepção que aqueles que não foram atingidos (Wang et al., 2018), pois as pessoas com mais experiência tinham melhor compreensão das inundações, e eram mais propensas a buscar informações e tomar medidas para se proteger. Os moradores afetados também faziam medidas de adaptação e estabeleciam acordos de assistência mútua entre os vizinhos. Por outro lado, há pessoas que não estão dispostas a tomar medidas de proteção, sobretudo devido a sua incapacidade percebida de lidar com um evento (Fox-Rogers et al., 2016).

Sociodemográficas

26As características sociodemográficas mais importantes parecem ser idade, renda, escolaridade e gênero. A idade está positivamente correlacionada com a percepção (por exemplo, Ardaya; Evers; Ribbe, 2017; Box et al., 2016) embora resultados negativos tenham sido encontrados (por exemplo, Babcicky; Seebauer, 2017; Cvetkovic et al., 2018). Estudos mostram que os mais velhos apresentam maior conhecimento das inundações e das ações que devem ser tomadas do que os mais jovens (por exemplo, Diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018; Wang et al., 2018). Eles também indicam níveis mais altos de confiança no alerta e classificam a importância do risco mais alta. Por outro lado, na China, os jovens têm percepções mais altas sobre conscientização, probabilidade e impacto do que os mais velhos (Liu et al., 2018). Ainda, são abertos a medidas não estruturais. Mas, ambas as categorias têm uma preparação mais baixa, corroborando o paradoxo da percepção de risco (Wachinger et al., 2013).

27Quanto ao gênero, estudos descobriram que as mulheres têm, em média, níveis percebidos de riscos mais altos do que os homens (por exemplo, gotham et al., 2018; diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018). Na China, as mulheres apresentaram maior percepção do que os homens (Liu et al., 2018). Ainda, elas geralmente tinham status socioeconômico mais baixo do que os homens, o que pode levar a uma preocupação com a possibilidade de perdas. Mas, Cvetkovic et al. (2018) descobriram a relação oposta. Por outro lado, estudos destacam que o gênero não é estatisticamente significativo, isto é, homens e mulheres sentem o perigo no mesmo nível (Babcicky; Seebauer, 2017; Roder et al., 2016).

28Pesquisas demonstram que a renda familiar tem um efeito significativo na percepção de risco, sugerindo que famílias ricas tendem a se perceber em menor risco do que as outras e ter crenças mais fortes de autoeficácia (Babcicky; Seebauer, 2017). Por outro lado, pessoas com baixa renda tendem a ser mais propensas a ter percepções mais altas do que aquelas com renda mais alta (Wang et al., 2018; gotham et al., 2018). Na escolaridade, as pessoas menos escolarizadas costumam apresentar níveis mais altos de percepção (Liu et al., 2018), pois são mais propensas a superestimar esses perigos e a se preocupar. Mas, na Grécia, pessoas com ensino superior são mais propensas a avaliar a probabilidade do que as outras (Diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018).

29Em relação ao tempo de residência, pessoas que vivem mais tempo na área tendem a ter mais experiência com eventos de inundação e uma percepção de risco maior (Ardaya; Evers; Ribbe, 2017). No que tange à propriedade, as pessoas que possuem uma casa apresentam maior percepção de risco e probabilidade de adotar medidas de proteção do que aquelas que alugam (Thistlethwaite et al., 2018). Em menor grau, estudos mostram que o estado civil é um fator que influencia na percepção de risco. Os entrevistados casados e com filhos apresentaram maior probabilidade de conhecer os alertas (Diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018). Indivíduos casados e os pais são mais propensos a avaliar o risco mais alto e apresentar um comportamento de maior preparação em comparação com os solteiros. Somado a isso, o tamanho das famílias e a presença de crianças foram características que influenciaram a percepção (Liu et al., 2018). A capacidade de perceber o risco diminuiu com o aumento do número de pessoas em um domicílio, e os domicílios com crianças menores de 12 anos em casa tiveram maior percepção do que aqueles sem filhos em casa.

Discussão

30A análise da percepção de risco, juntamente com o desenho e implementação de estratégias de comunicação, são etapas críticas no sucesso de uma gestão do risco de inundação, já que facilitam iniciativas para reduzir o risco e aumentar a preparação da comunidade (Morss et al., 2016). Diversos estudos distinguem fatores que influenciam na percepção, mas, muitas vezes os resultados são contraditórios e requerem um processo de sistematização.

Fatores que influenciam na percepção de risco

31Os resultados indicam 35 fatores que influenciam no grau de percepção de risco de inundação. As características sociodemográficas são a principal categoria, sobretudo a idade, gênero e escolaridade. O gênero é uma variável que está relacionada às avaliações e atitudes. Mulheres e homens não estão em risco por causa de sua localização no tempo e lugar, mas por causa de uma complexo número de fatores que incluem papéis e responsabilidades, habilidades, vulnerabilidades, relações sociais, tradições, atitudes e estruturas institucionais. Acredita-se que essas forças moldam diferentes comportamentos, incluindo aqueles atrelados à habilidade de antecipar, preparar, responder e se recuperar de desastres. Dada a localização social dos homens na sociedade, eles geralmente têm menos risco percebido em comparação com as mulheres (Xiao; Mccright, 2013). Os resultados corroboram esses estudos e sugerem que as mulheres têm níveis percebidos de riscos mais altos do que os homens (Gotham et al., 2018; Diakakis; Priskos; Skordoulis, 2018; Liu et al., 2018).

32A exposição física, sobretudo a proximidade de um rio, é outro fator que influencia a percepção do risco, embora essa relação seja ambígua. Estudos constataram que as pessoas que vivem perto de um rio apresentam maior disposição para adotar comportamentos protetores (Botzen; Aerts; Van Den Bergh, 2013). Essa descoberta, porém, não está de acordo com estudos de viés cognitivo, os quais indicam que as pessoas percebem um perigo como mais grave quanto mais distante estiver delas; isso foi rotulado de “hipermetropia ambiental” (Uzzell, 2000). Esse viés é baseado na ideia de que a interpretação da realidade circundante torna-se mais abstrata quanto mais distante esta realidade estiver do observador. Logo, os resultados encontrados corroboram os estudos anteriores e acrescentam a necessidade de maior atenção com a diferença de percepção de risco em relação às dimensões dos cursos hídricos.

33Ter uma experiência de uma inundação é outro fator que molda a percepção de risco (Gotham et al., 2018). Isso pode reforçar o comportamento de precaução. Mas também pode ter um efeito negativo (baixa gravidade e eventos raramente experimentados podem gerar uma falsa sensação de segurança). Aqueles que vivenciaram uma inundação tendem a ter maior percepção, sobretudo se sofreram danos ou se sentiram preocupados por sua família, por si mesmos ou por suas propriedades. Neste estudo, pessoas com experiência tiveram maior percepção e perceberam o perigo como mais frequente; eles também se veem como futuras vítimas, o que aumenta a busca por informações e motivação para se engajar em comportamentos de proteção. O tempo de ocorrência da última inundação desempenha um papel importante, pois é de se esperar que a experiência ocorrida há muito tempo tenha pouca influência na percepção de risco atual. Esses resultados confirmam a hipótese de que as pessoas sem experiência apresentam baixa consciência e consideram-se seguras, logo, são mais propensas a subestimar um evento futuro. Ou seja, parte-se da ideia de que, “se no passado o evento não me atingiu, também não serei afetado futuramente”. Assim, é menos a experiência “em si” e mais a gravidade das consequências ​​que moldam as percepções.

34O nível de responsabilidade do ser humano na tomada de ações preventivas está estritamente ligado à sua confiança em diferentes atores institucionais, fontes de informação e medidas de proteção. Assim, os resultados sugerem que a confiança no governo e nas medidas estruturais leva à redução da percepção e a disposição e as ações de prontidão. Ou seja, a dependência de meios de proteção pode causar efeitos indesejáveis. Isto porque as pessoas que residem nessas áreas têm uma falsa sensação de segurança que resulta na baixa consciência e na diminuição da atividade relacionada com a preparação. Ambos os resultados podem subsidiar estratégias de comunicação de risco que possibilite aos moradores o acesso à informação e a uma melhor preparação aos riscos. As informações são mais prováveis ​​de serem adotadas quando transmitidas por comunicadores confiáveis (Seebauer; Babcicky, 2018). Mesmo que se saiba que sentir-se informado não se traduz necessariamente em adotar um comportamento correto durante um evento, certamente é um fator crítico.

35Estudos anteriores mostraram que a percepção e a adoção de medidas de proteção foram menores entre as pessoas que atribuíram essa responsabilidade às autoridades. Neste estudo, uma parte considera que a responsabilidade é igualmente distribuída entre instituições e cidadãos, revelando uma vontade de assumir algumas ações para lidar com as adversidades. Essa atitude abre oportunidades para um processo de comunicação que inclua a participação cidadã como elemento-chave na gestão do risco de inundação, em um esforço conjunto para aumentar as chances de sucesso da resposta. Mais esforços devem ser feitos para aumentar a conscientização das pessoas sobre o fato de que a proteção contra riscos é, também, uma responsabilidade pessoal. Indivíduos que acreditam nisso geralmente têm uma tendência mais forte a tomar ações de proteção.

Questões teóricas e metodológicas

36Os paradigmas teóricos da pesquisa de percepção de risco podem ser amplamente delimitados ao longo de construções psicológicas, normativas, culturais, cognitivas e sociais. São diversos os paradigmas existentes nesse campo, incluindo: (1) modelos mentais; (2) paradigma psicométrico; (3) disposições orientadoras como afetos e visões de mundo; (4) modelos socioeconômicos e demográficos; (5) teoria cultural; (6) conceitos orientados para a confiança; (7) conceitos orientados para localização e experiência; e (8) a teoria da motivação de proteção (Birkholz et al., 2014). A aplicação de estruturas teóricas, portanto, torna-se necessária a fim de desenvolver hipóteses robustas, pesquisas sólidas, instrumentos de medição validados e análises de dados sofisticadas (Kellens; Terpstra; De Maeyer, 2013). Até agora, porém, a maioria dos estudos analisados absteve-se de usar teorias, corroborando os estudos de Bubeck et al. (2012), Kellens; Terpstra; De Maeyer (2013) e Lechowska (2018). Logo, abordagens e métodos são, frequentemente, heterogêneos, o que torna complexo o processo de comparação de resultados.

37A análise da percepção de risco de inundação também não pode ser limitada apenas a dados estatísticos, mas deve incluir a interpretação dos contextos socioculturais e histórico-políticos. Por isso devem ser introduzidos métodos qualitativos que permitam identificar fatores até então subestimados. Um método qualitativo promissor é a abordagem dos modelos mentais. Um modelo mental captura como as pessoas pensam sobre sua situação de perigo, o que sabem e o que (mal) percebem sobre os fatos e processos relacionados à causação, dano e mitigação de eventuais perigos (Lechowaska, 2018). Avaliar o que o público-alvo já sabe ou acredita sobre um determinado assunto é importante para elaborar mensagens eficazes de comunicação de riscos.

Conclusão

38A gestão do risco de inundação tornou-se uma parte essencial das estratégias de redução de risco de desastres. Embora os métodos de análise sejam geralmente baseados em medidas objetivas, aquelas subjetivas, como a percepção e a comunicação de risco, estão sendo reconhecidas como críticas na redução de risco, sobretudo em virtude da existência de uma discrepância entre a avaliação de risco dos especialistas e das partes interessadas. O conhecimento da percepção de risco é um pré-requisito para determinar um método adequado e assertivo de divulgação de informações, destinado a aumentar a confiança da sociedade e a capacidade de preparar-se e lidar melhor perante à ocorrência de uma inundação, bem como aumentar a resiliência.

39Nesse sentido, o presente estudo tem pelo menos três contribuições importantes. Primeiro, a pesquisa atual sobre os fatores que exercem grau de influência na percepção de risco de inundação apresenta um quadro heterogêneo. As variáveis são numerosas e seus papéis e pesos diferem dependendo dos contextos culturais, históricos, geográficos ou políticos os quais variam no espaço e no tempo. Os estudos, elaborados principalmente por autores dos continentes norte-americano e europeu, concentram-se na ​​busca de relações entre percepção e comportamento preventivo a fim de atenuar o risco de inundação e determinar seus fatores preditores. Além disso, os autores dos trabalhos analisados ​​usaram pesquisas baseadas em questionários e entrevistas estruturadas, enquanto pouca atenção foi dada aos métodos de pesquisa qualitativa. Portanto, uma aplicação mais extensa de métodos qualitativos ajudaria na interpretação das dependências estatísticas.

40Segundo, a percepção de risco representa uma combinação de ciência e julgamento com interpretações sociais, culturais e políticas significativas. De fato, os artigos coletados mostram uma tendência de que entrevistados com idade mais avançada, mais experiência de inundação, maior consciência do risco, menor renda mensal, menor escolaridade e menos confiança no governo apresentaram maior percepção de risco de inundação. Por fim, a percepção de risco é intrinsecamente subjetiva, relacionada com a idade, sexo, escolaridade e experiências anteriores. Logo, ela pode ser vista como um processo complexo que engloba aspectos cognitivos e afetivos, em que as condições locais têm um efeito importante sobre o conhecimento e o comportamento das pessoas. 

41Como limitações, esta revisão baseou-se apenas na literatura internacional revisada por pares para avaliar o estado das evidências sobre os fatores que influenciam no grua da percepção de risco de inundação. Embora essa abordagem tenha seus pontos fortes e forneça limites apropriados para a revisão, há uma literatura cinzenta relacionada a esse tópico que também pode ser útil no planejamento de atividades de gestão e comunicação de risco eficazes (por exemplo, trabalhos acadêmicos, relatórios e iniciativas locais). Pesquisas futuras podem ser realizadas para sintetizar essa literatura e comparar as descobertas com esta revisão. Os termos de pesquisa e bases de dados podem ter excluído artigos que teriam de fato atendido aos critérios de inclusão.

42Portanto, como a percepção de risco não ocorre em um vácuo social, não se pode explicar como as pessoas percebem os riscos sem considerar os contextos sociais. Esse processo, de definição de estratégias que alterem positivamente o comportamento, requer uma compreensão contínua do nível de risco nas várias camadas da sociedade, a fim de obter resultados mais robustos sobre os fatores que influenciam a percepção do risco e a ação de proteção. Mesmo que pesquisadores consigam modelar cenários de risco com precisão, as suposições sobre o comportamento desempenham um papel essencial no risco. Negligenciar este componente pode superestimar os impactos.

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Notes

1 “É uma forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia – públicos ou privados – para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas com restrição à ocupação” (IBGE, 2020).

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Référence électronique

Murilo Noli da Fonseca, Carlos Mello Garcias et Luciene Pimentel da Silva, « Avaliação dos fatores que influenciam na percepção de risco de inundação: uma revisão sistemática de pesquisas empíricas »Confins [En ligne], 58 | 2023, mis en ligne le 27 mars 2023, consulté le 01 juin 2023. URL : http://journals.openedition.org/confins/50531 ; DOI : https://doi.org/10.4000/confins.50531

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Auteurs

Murilo Noli da Fonseca

Pontifícia Universidade Católica do Paraná. https://orcid.org/0000-0002-0718-3087. murilonoli@gmail.com

Carlos Mello Garcias

Pontifícia Universidade Católica do Paraná. https://orcid.org/0000-0001-7982-5803. mellogarciascarlos@gmail.com

Luciene Pimentel da Silva

Pontifícia Universidade Católica do Paraná. https://orcid.org/0000-0002-6533-9430. pimentel.luciene@pucpr.br

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