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Porto Sudeste, Ilha da Madeira, Itaguaí-RJ

Porto Sudeste, Ilha da Madeira, Itaguaí-RJ
Descrição

Por Leandro Dias de Oliveira

 

Nas últimas duas décadas, a cidade de Itaguaí vivenciou o incremento dos investimentos produtivo-logísticos em seu território. Junto às cidades de Seropédica, Paracambi, Queimados e Japeri, consolidou uma verdadeira região econômica na porção do extremo oeste da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Além de empreendimentos importantes, como a Ternium CSA (antes Tyssen Krupp Companhia Siderúrgica do Atlântico, TKCSA), a Gerdau, a NUCLEP (Nuclebrás Equipamentos Pesados S/A) e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) no eixo Itaguaí-Santa Cruz, foi extremamente relevante para este “boom” a expansão do Porto de Itaguaí e a fundação do Porto Sudeste[1].

 

Na fotografia, registrada em trabalho de campo realizado pelos prof.s Leandro Dias de Oliveira (UFRRJ), Regina Helena Tunes (UERJ) e Leda Velloso Buonfiglio (UFF), no dia 26 de julho de 2022, vê-se toda a estrutura de atracação do Porto Sudeste, a partir da Ilha da Madeira. Os dois carregadores situados nos berços portuários, de 50 metros de altura e pesando quase 2 mil toneladas cada, são capazes de movimentar 12 mil toneladas de minério de ferro por hora. Trata-se de um porto voltado à exportação exclusiva de minério de ferro, que fica armazenado nos dois pátios de estocagem com capacidade para até 2,5 milhões de toneladas da commodity. A ligação dos pátios de estocagem ao píer é feita por meio de um túnel inovador de 1,8 km de comprimento, um verdadeiro corredor logístico capaz de suportar a passagem de 100 milhões de toneladas de minério de ferro por ano [2].

 

Por óbvio, há importantes impactos socioambientais na Ilha da Madeira, que envolvem a alteração da qualidade do ar, a deposição excessiva de material particulado sobre as partes aéreas dos vegetais, o risco constante de ocorrência de doenças respiratórias, o aumento dos fatores de perturbação da fauna terrestre, o aumento dos distúrbios nas comunidades aquáticas pelas restrições ao uso dos hábitats e a própria interferência direta na atividade pesqueira [3]. A Ilha da Madeira se consolidou como uma zona de sacrifício, onde as vozes dos sujeitos periferizados – especialmente a comunidade de pescadores – se mostram inaudíveis perante o alto volume das demandas dos gestores dos grandes investimentos, que possuem grande poder decisório sobre os horizontes de adequação sociedade-natureza [4].

 

Referências:

 

[1] https://journals.openedition.org/espacoeconomia/1814.

[2] https://www.portosudeste.com/.

[3] https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/24365/1/ve_Erika_Ferreira_ENSP_2014.

[4] https://journals.openedition.org/espacoeconomia/16203.

Créditos
Regina Helena Tunes
Direitos de autor

Apenas o texto pode ser utilizado sob licença . Outros elementos (ilustrações, anexos importados) são "Todos os direitos reservados", à exceção de indicação em contrário.

Ficheiro original
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