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AccueilNuméros52-2Introdução. Legado e impacto: A m...

Résumé

Este número do ISS é resultado de uma seleção de trabalhos relacionados ao tema proposto pelo ICOFOM para seu 46º simpósio anual, ocorrido na cidade de Recife (Pernambuco, Brasil), entre os dias 06 e 10 de novembro de 2023, em parceria com o 31º Simpósio Anual do ICOFOM LAC. O tema, intitulado “O legado e o impacto da museologia latino-americana e caribenha”, foi proposto pela colega Elizabeth Weiser com o intuito de “lembrar e celebrar essa longa tradição ao examinarmos o legado teórico e o impacto das histórias dos estudos de museus na América Latina e no Caribe.” (ICOFOM, 2023).

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Texte intégral

1Gostaríamos, como primeiras palavras deste texto de abertura, destacar a seguinte reflexão de Vinicius Monção, presente nesta publicação:

O tema desta mesa nos propõe pensar e discutir sobre o legado e o impacto da museologia latino-americana e caribenha. Se sua enunciação nos causa um imediato sentimento sobre a valorização da nossa região na produção acadêmica, técnica e intelectual, também nos acende, figurativamente, uma luz de atenção e questionamento. Afinal, o que queremos saber com essa evocação? Qual métrica pode ser incorporada para analisar essa afirmativa?

2De fato, o que esperamos encontrar no que entendemos como o legado e o impacto da museologia produzida em uma região específica do mundo é algo que podemos refletir um pouco mais. Destacamos algumas referências para essa reflexão: ao trazer esse tema para o século XXI, como proposto no título deste breve texto introdutório, nossa intenção é demonstrar como legados e impactos possíveis ainda acontecem na contemporaneidade. Os legados, particularmente após o marco significativo da Mesa Redonda de Santiago do Chile, podem e devem ser rememorados, tal como também ocorre nesta publicação; mas é fundamental celebrar como nossa museologia latino-americana e caribenha pode servir de modelo, ainda hoje, para outras museologias ou práticas museais realizadas ao redor do mundo.

3Assim, os textos aqui presentes podem ser divididos em três grupos: 1) os artigos que revisitam os legados do pensamento LAC à luz de discussões e diálogos contemporâneos; 2) os artigos que estão no que denominamos fronteira; ou seja, revisitam os legados no âmbito teórico, mas também exploram suas reverberações a partir de práticas no território; e 3) os artigos focados em abordar os impactos de uma museologia totalmente transformada no século XXI, que deve muito às reflexões e experiências vividas nesta parte do mundo.

4No primeiro grupo, voltado a revisitar os legados do pensamento LAC, o artigo de Virginia González, “Aportes históricos al campo de la museología Argentina”, apresenta o processo de construção de uma museologia argentina, ao longo de três décadas do século XX, como fruto de um processo de compreensão e organização das instituições museais que surgiram nesse período, muitas delas iniciadas e tuteladas pelo Estado argentino. O texto de Luiz Borges, Telma Lasmar e Ilza Carla Lima, “Epistemes sureadas y silenciadas: Una relectura de dos hitos fundacionales de la museología latinoamericana”, é uma reflexão atual e crítica sobre conceitos e proposições das décadas de 1970 e 1980: musealidade, museu integral, fato museal e trabalhador social, com base na hipótese de “um processo sistemático de esvaziamento epistemológico-ideológico” dessas reflexões. E “The legacy of Santiago de Chile in ICOM”, de Anna-Lou Galassini, Yves Bergeron e Manuelina Maria Duarte Cândido, visa compreender o fenômeno da Mesa Redonda, sua influência e integração no campo da museologia mundial por meio de um levantamento de sua transmissão nas publicações do ICOM e ICOFOM.

5O segundo grupo transita em uma fronteira muito interessante de revisitar legados, porém tendo como ponto de partida - ou chegada - práticas museais que impactam o presente. O trabalho de Diogo Jorge de Melo, Isabel Cristina Teixeira do Carmo Lopes, Gisele Nascimento Barroso e Cássio Alexandre Souza dos Santos, intitulado “Museología y (mito)poética: Revisando los debates del ICOFOM con nuevas contribuciones teóricas y prácticas”, busca revisar concepções sobre a relação entre museologia e poética a partir dos debates no ICOFOM, avançando o conceito de mitopoética, fundamental para cimentar as bases das práticas museais atuais no Museu Virtual Surrupira de Encantarias Amazônicas. De forma semelhante, no trabalho “Developing museological methodologies for unpacking colonial legacies in Barbados”, Natalie McGuire faz um paralelo com a experiência museológica no território afro-caribenho, em uma “jornada anticolonial” rumo ao protagonismo comunitário e seu enfrentamento constante com ideologias coloniais – tudo isso com base no desenvolvimento museal e museológico da Barbados Museum & Historical Society.

6Por fim, o terceiro grupo está totalmente mergulhado e embebido em reflexões e práticas museológicas contemporâneas, muitas vezes moldando as práticas em nossa região. “Trazando imaginarios (de)coloniales a través del archivo personal: Una herramienta metodológica decolonial”, por Sofia Alexandre Carvalho, é fruto de uma metodologia que investiga a relação entre as narrativas museológicas e o racismo em Portugal, abordando também a própria herança colonial da autora, frutos de uma auto-investigação que intenciona confrontar essa herança e propiciar uma metodologia descolonizadora que perpassa tanto o objeto quanto o sujeito. E o trabalho “¿Quién carga a quién? El caso de Giro gráfico, como en el muro la hiedra”, por Ana María Sánchez Lesmes, que, a partir de uma exposição realizada na Europa com imagens produzidas nas Américas, aponta como esse tipo de colaboração pode desencadear reflexões sobre dinâmicas, controvérsias e legados, considerando a hipótese de que sempre existirão práticas colonialistas nas colaborações entre o Norte e o Sul globais.

7Desde os primeiros dias do ICOFOM LAM (o precursor do ICOFOM LAC), o esforço tem sido mostrar que, aqui na região, há uma maneira distinta de refletir sobre museologia em relação ao resto do planeta. Nos parece que esse é o grande legado defendido por este subcomitê de museologia. No entanto, por meio desta publicação, torna-se mais claro em 2024 que esse esforço para demonstrar e defender uma maneira de fazer museologia é muito próprio desta região. Ou seja, o esforço, antes voltado para defender a existência de uma disciplina de museologia, hoje se dedica a apoiar práticas museais que tem como principal bandeira uma perspectiva anticolonial, muito valorizada neste território. Os impactos da museologia LAC podem ser refletidos na nova definição de museu, que coloca na centralidade a participação comunitária na identidade do que o ICOM entende por museu.

8Para encerrar essas observações introdutórias, voltamos à conversa com Monção: “Felizmente, penso que estamos no caminho certo quando nos reunirmos para debater aspectos de uma agenda coletiva e comunitária.” Mesmo que sejamos um arquipélago, como ele próprio sugere (inspirado por Glissant), em nossa diversidade de pequenos – ou grandes, como o Brasil – mundos que coexistem, impactamos a museologia quando somos uníssonos na defesa de uma prática museal e de uma reflexão museológica cada vez mais próxima do cotidiano do nosso povo.

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Pour citer cet article

Référence papier

Luciana Menezes de Carvalho et Ana Carolina Gelmini de Faria, « Introdução. Legado e impacto: A museologia latino-americana e caribenha hoje »ICOFOM Study Series, 52-2 | 2024, 16-18.

Référence électronique

Luciana Menezes de Carvalho et Ana Carolina Gelmini de Faria, « Introdução. Legado e impacto: A museologia latino-americana e caribenha hoje »ICOFOM Study Series [En ligne], 52-2 | 2024, mis en ligne le 08 novembre 2024, consulté le 10 février 2025. URL : http://journals.openedition.org/iss/5803 ; DOI : https://doi.org/10.4000/12o9r

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Auteurs

Luciana Menezes de Carvalho

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – Brasil 

Articles du même auteur

Ana Carolina Gelmini de Faria

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Brasil

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Droits d’auteur

Le texte et les autres éléments (illustrations, fichiers annexes importés), sont « Tous droits réservés », sauf mention contraire.

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