Entrevista com Verônica de Santana, agricultora e militante: “Construir um feminismo rural, agir em rede e reconstruir as políticas públicas”
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Héloïse Prévost: Antes de iniciar, gostaria de se apresentar?
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Verônica de Santana: Meu nome é Maria Verônica de Santana, mulher cis, negra, nordestina, de 56 anos, mãe de dois filhos e uma filha, e avó de um menino. Sou neta e filha de agricultores sertanejos. Nasci e foi criada no sertão de Sergipe. Desde 1990, sou agricultora assentada agroecológica no sul do mesmo estado. Sou militante e educadora popular feminista e agroecológica. Atuei como Secretária Executiva do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste1 – MMTR-NE – de 2011 a 2016 e da Coordenação Executiva de 2017 a 2019 do mesmo. Atualmente, faço parte da Coordenação Estadual do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural de Sergipe, da Rede Feminismo e Agroecologia no Nordeste e do Grupo de Trabalho de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia – a ANA. Também sou Conselheira no Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável – o Condraf e Diretora presidenta do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá.
O Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) é um movimento feminista rural, antirracista e agroecológico, liderado há mais de trinta e cinco anos por trabalhadoras rurais dos nove estados da Região Nordeste do Brasil. Nasceu na década de 80 a partir das reflexões e do intercâmbio de trabalhadoras rurais dos estados de Pernambuco e Paraíba. O seu objetivo é superar as dificuldades na relação de gênero, tendo como missão: Construir relações justas e igualitárias entre mulheres e homens do Nordeste. Faço parte da Coordenação Estadual do Movimento de Sergipe. Sergipe é um dos nove estados do Nordeste e nós nos organizamos através do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural de Sergipe-MMTR-SE que faz parte do MMTR-NE e seu nascimento está intimamente ligado com a luta pela terra no Estado. Com o fim da ditadura militar, intensificou-se a discussão sobre os direitos das pessoas. Foi um período efervescente das lutas sociais, em especial da luta pela terra.
H. P.: Poderia falar sobre as forças motrizes por trás de seu envolvimento na política em nível regional, nacional (Condraf) e em outros níveis?
V. S.: O reconhecimento da importância das mulheres estarem no centro das discussões. As grandes pautas e discussões de incidência e construção de políticas públicas nunca são a partir de quem verdadeiramente sustentam a vida: as mulheres. Por isso, precisamos cada vez mais ocupar os espaços da vida pública e trazer nossa visão de mundo e de rompimento com as várias desigualdades de gênero e de raça e desigualdades geográficas. No nosso caso da região Nordeste, fomos historicamente excluídas das políticas de Estado e estereotipadas como região atrasada.
Nossa defesa foi a ocupação pelas mulheres dos vários espaços de participação de incidência política. Partindo do princípio de que as mulheres rurais estão envolvidas em toda vida na comunidade. Quando essa representação sai do espaço da comunidade, as mesmas enfrentam uma série de desafios. O acúmulo de trabalho do cuidado e doméstico, que ainda é feito quase que exclusivo pelas mulheres, falta de recursos financeiros e as várias violências políticas enfrentado cotidianamente pelas mulheres têm historicamente dificultando sua inserção na vida pública.
Uma outra estratégia é a ação em rede. Temos conseguido articular algumas redes de articulação local, regional e nacional, e essa articulação tem conseguido avançar na indicação de mulheres em importantes espaços de incidência política como os Conselhos nacionais ou espaços de representação internacional como no caso da Reunião Especializada da Agricultura Familiar – REAF do Mercosul onde temos levado as várias experiências das mulheres rurais do Brasil na agricultura familiar; ou ainda na construção da Marcha das Margaridas. Me reconheço na frase da Marcha que diz: “Para nós, mulheres do campo, da floresta e das águas, a Marcha das Margaridas tem sido um caminho coletivo de construção de um projeto de sociedade que propõe um Brasil sem violência, onde a democracia e a soberania popular sejam respeitadas, a partir de relações justas e igualitárias. Acreditamos que é possível construir novas relações sociais pautadas nos valores da ética, solidariedade, reciprocidade, justiça e respeito à natureza.ˮ
Neste sentido, tenho atuado junto a outras companheiras em espaços de construção de políticas públicas e espaços de fortalecimento dos movimentos sociais. Por exemplo, a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – PNAPO de 2013, que é uma conquista da Marcha das Margaridas e do movimento agroecológico. O Brasil foi um dos primeiros países no mundo a ter uma política pública pela agroecologia, foi uma vitória das mulheres rurais. Foi extinta no governo Bolsonaro e retomada agora em 2024 no governo de Lula.
No caso das mulheres rurais, acredito que a maior representação da auto-organização de mulheres tem sido a Marcha das Margaridas que reuni as mulheres do campo, da floresta, das águas, mas também das cidades numa pauta comum.
H. P.: Poderia falar, em particular, sobre a experiência do movimento de mulheres agricultoras, o MMTR?
V. S.: Fazer um Movimento regional é muito desafiador, embora o MMTR já seja um movimento reconhecido pela sua importância e atuação. Mas são sempre sobre os movimentos de mulheres que recai toda precarização e falta de recursos financeiros. Vivemos um desmonte das políticas públicas para a agricultura familiar e dos espaços de participação, muitos espaços. Isso iniciou em 2016, com golpe parlamentar na Presidenta Dilma, importantes espaços de articulação dos movimentos foram desmontados. Aumentou o isolamento político das mulheres do campo, das florestas e das águas que se fortaleciam a partir dessas construções.
Ser um movimento organizado e dirigido pelas mulheres rurais é uma escolha política mas também um desafio. Ainda, as mulheres rurais sofrem de uma visão machista de alguns segmentos como movimentos que discutem uma única pauta. As mulheres discutem todas as pautas, mas trazendo a vida das mulheres no centro das discussões seus modos de vida e quais ações contribuem para fortalecer seus territórios: acredito esse ser um ponto importante de salientar. Somos nós, as mulheres rurais do Nordeste que estão entre as mais empobrecidas pelo não acesso às condições para sua autonomia econômica, e isso também se refleti no movimento e na sua sustentação. Tem obstáculos no cotidiano das mulheres: precisamos lutar pela sobrevivência, pelos nossos territórios e por sustentar todo trabalho do cuidado e da produção de subsistência e enfrentar o machismo, o patriarcado e o racismo, aliados à violência de gênero e falta de divisão do trabalho doméstico e do cuidado. O nosso lema no movimento foi “Romper com a mentalidade de submissão”. Isso tem sido nosso cotidiano de luta pela auto-organização das mulheres. Além das grandes distâncias geográficas, estamos unindo nossos esforços para a articulação presencial das mulheres, tentar nos reunir.
H. P.: Em sua opinião, quais são as questões que envolvem a participação política das mulheres rurais?
V. S.: Em minha opinião, precisamos romper com o isolamento político e afirmar o reconhecimento dos direitos. Precisamos afirmar o sujeito político das mulheres rurais, sermos sujeitos visíveis se fortalecendo nas nossas histórias de vida. Precisamos romper com a submissão das nossas vidas. Isso passa pela inclusão das mulheres nos espaços políticos, pela participação política e pelo rompimento dos espaços privados de casa e dos seus quintais como únicos espaços de vivência das mulheres rurais.
H. P.: Como o bolsonarismo reconfigurou as lutas, as práticas e o compromisso das mulheres rurais? Tanto na arena política quanto na vida cotidiana?
V. S.: O bolsonarismo tem como base fascista o controle dos corpos das mulheres, das ditas “minorias”, atacando diretamente os direitos já conquistados, como aborto em casos já reconhecidos em Lei, lei de cotas para inclusão em diversas políticas e corte nos orçamentos das políticas afirmativas. Neste sentido, os movimentos de mulheres e movimentos identitários ficaram na mira conservadora. Como movimento de mulheres rurais e nordestinas, aqui já temos demarcador de classe de gênero e de raça, e tivemos de nos organizar para a disputa de narrativas na sociedade. Outra dimensão do bolsonarismo foi o uso das falsas notícias onde as mulheres ficaram muito mais expostas, principalmente pelo uso precário de internet onde não se podia chegar as informações que circulavam via redes sociais e aplicativos de celulares. Na vida cotidiana, houve tentativa de retorno das mulheres para o espaço privado, da casa e dos roçados, com fechamento dos Espaços de Participação Social e de Conselhos. Várias políticas públicas foram desmontas ou ficaram sem orçamento. Por exemplo, acabou com as políticas de convivência com o semiárido, como a cisterna de captação de água das chuvas, que é uma tecnologia indispensável para o semiárido. Neste sentido tivemos de nos organizar para esse enfrentamento. Para as mulheres da agricultura familiar, o combate à fome, aliando ao enfrentamento a Pandemia da Covid 19, foram momentos de muito recuo. Tivemos que repensar nossas incidências, mas também de avanço na ocupação das ruas e roçados.
H. P.: O que está em jogo hoje com o retorno de Lula?
- 2 Campanha da Articulação Brasileira do Semiárido - ASA, para fazer enfrentamento a políticos que nes (...)
V. S.: O que está em jogo é luta pelo Estado brasileiro e “reconstruir” tudo que foi desmantelado, porém temos a força fascista e Bolsonarista na sociedade, e no Congresso Nacional que controla o orçamento em troca de benefícios eleitorais em suas bases locais... Articular ações em conjunto tem fortalecido as bases de enfrentamento ao fascismo e conservadorismo que continua operante, tendo os Encontros Nacionais de Agroecologia (ENA), a Marcha das Margaridas, a própria Articulação do Semiárido do Brasil – ASA [uma rede formada por mil organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida], que retoma as políticas de convivência com Semiárido. Tem pautado questões importantes como, neste momento de eleições municipais, a campanha “NÃO TROQUE SEU VOTO2”, que reforça a importância de politizar as ações da ASA e defender a democracia. Ou pautando os impactos das energias renováveis, como os parques eólicos para os territórios agroecológicos e da agricultura familiar, que tem unificado as ações das mulheres em torno da defesa dos territórios e da agroecologia. Tem sido momentos de grande rearticulação dos movimentos. O foco foi de recolocar nossas pautas na sociedade, disputar os espaços e as políticas públicas num cenário de escuta e de participação social. Porém, a questão do orçamento temos um grande desafio de incidência.
H. P.: Existem diferentes abordagens feministas: ecofeminismo, feminismo do bem viver (como defendido pela Marcha das Margaridas em 2024), feminismo decolonial, feminismo rural: você pode explicar com qual feminismo você se identifica e que projeto político e feminista de transformação social ele implica?
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- 4 https://www.marchamundialdasmulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/08/Carta-pol%C3%ADtica.pdf
V. S.: No MMTR temos discutido e construído o que chamamos de feminismo rural, que dialoga muito com o que as mulheres do Nordeste tem trazido para o projeto político e temos já alguns anos estudando na Escola de Educadoras Feminista3. Partimos do princípio que o principal sujeito(a) da nossa ação somos nós, as mulheres. Assim, partimos das nossas experiências de vida e de como vamos internalizando e incorporando as várias outras experiências nas nossas vidas que está inscrito na nossa carta política4:
Nossa trajetória é de luta pelo reconhecimento das trabalhadoras rurais e da nossa participação política na sociedade e nos movimentos sociais. Construímos de forma articulada uma agenda feminista rural, avançando no direito à documentação e o direito à terra, entre outros. Atuamos a partir dos nossos territórios e em convivência com o semiárido e as diversas regiões do Nordeste. Participamos da construção de políticas públicas para a agricultura familiar e para as mulheres, como parte de um projeto de transformação do país e da afirmação da democracia. Incidimos no plano internacional com a construção de alianças para o reconhecimento da agricultura familiar na América Latina e em defesa da soberania alimentar, da agroecologia e da autonomia dos povos. Somos trabalhadoras rurais diversas. Somos jovens, idosas, negras, bissexuais, lésbicas, indígenas, ciganas, assentadas, agricultoras, pescadoras, extrativistas, artesãs, quilombolas, marisqueiras, algueiras, quebradeiras de coco babaçu em movimento lutando contra o capitalismo, o racismo, o agronegócio, e a LGTBfobia. Defendemos o direito à terra, à água, ao território, aos bens comuns e naturais, a partir de uma relação de cuidado e reciprocidade com a natureza. Construímos essas transformações com solidariedade e respeito, avançando nas histórias de superação e conquistas de direitos das mulheres, fortalecendo o feminismo.
H. P.: Você esteve envolvida no Conselho Nacional de Segurança Alimentar, pode explicar as questões com as quais se identifica?
V. S.: Fiz parte do Consea no último mandato antes do desmonte, representando o MMTR-NE, antes da extinção em 2019 como primeiro ato do governo Bolsonaro. Esta ação marcou o que seria a política de combate a fome durante todo seu governo, que se agravou com Pandemia do Covi 19, onde vimos o país aprofundar não só à fome mas também a exclusão de várias populações que já viviam em situação de vulnerabilidade econômica e social.
Neste momento de reconstrução do governo Lula, estou no Condraf representando a Articulação Nacional de Agroecologia - ANA. A pauta que me movimenta é trazer o protagonismo das mulheres na produção de alimentos saudáveis, preservadoras na biodiversidade, a partir dos seus modos de vida em harmonia e respeito a natureza.
H. P.: Pode nos falar sobre agroecologia? Na prática cotidiana e no projeto político?
V. S.: Para mim, agroecologia se constrói no dia dia, no momento de decidir o que plantamos, o que comemos, mas a agroecologia faz sentido quando podemos dialogar com todas as pautas que tem defendemos na sociedade: LGBT, racismo, feminismo, juventudes, educação contextualizada, luta por terra e território, reconhecimento de outras práticas como as indígenas e as quilombolas, ou seja, agroecologia é movimento. É movimento, é projeto de vida no campo e nas cidades, é pra além de técnicas de produção. Sabemos que as relações no campo e o modelo de agricultura predominante ainda são excludentes para as mulheres quando considera os valores do capital em detrimento aos valores da vida, invisibilizando os trabalhos do cuidado e suas produções para autoconsumo, quando o mesmo sistema lucra com toda essa contribuição das mulheres. Isso vai se refletir nas políticas públicas e sua ascensão na sociedade. Por outro lado, são as mulheres que estão pautando essas questões de igualdade, de sustentabilidade e de produção de alimentos saudáveis.
H. P.: Pode nos dizer quais são as alianças ou estratégias de luta que considera centrais nesse contexto?
V. S.: As primeiras alianças são as construídas pelas mulheres, fortalecidas. Essas alianças podem incidir nas articulações nacionais. Considero as marchas das mulheres: por exemplo a Marcha pela Vida das Mulheres e Pela Agroecologia, a Marcha das Margaridas e a Marcha Mundial de Mulheres, onde temos fortalecido nossas pautas para incidir nas demais construções.
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Outras estratégias têm sido a nossa atuação em redes regionais e nacionais como a pauta do enfrentamento à violência contra as mulheres trazendo contribuições para a construção dos mecanismos de operação da Lei Maria da Penha [lei federal brasileira para prevenir e punir a violência doméstica e familiar contra as mulheres] considerando as mulheres do campo, da floresta e das águas que precisam de mecanismos diferenciados das mulheres da cidade. Essas discussões têm tido o Fórum Permanente de Enfrentamento a Violência Contra as Mulheres do Campo e Floresta5.
Notes
1 O Nordeste brasileiro ocupa uma área de 1.554.257,0 quilômetros quadrados, sendo a terceira maior Região do país. A população total do Nordeste é de 53.078.137 habitantes, conforme dados divulgados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A maior parte do Semiárido situa-se no Nordeste do país e também se estende pela parte setentrional de Minas Gerais. (o Norte mineiro e o Vale do Jequitinhonha). No Nordeste, dos seus nove estados, metade tem mais de 85% de sua área caracterizada como semiárida. O Semiárido é um espaço com grande concentração de terra, da água e dos meios de comunicação, que historicamente sempre estiveram nas mãos de uma pequena elite. Essa situação gera níveis altíssimos de exclusão social e de degradação ambiental e são fatores determinantes da crise socioambiental e econômica vivida na região. (https://www.asabrasil.org.br/semiarido)
2 Campanha da Articulação Brasileira do Semiárido - ASA, para fazer enfrentamento a políticos que neste momento que enfrentamos uma das piores secas, chegam nas famílias oferecendo carros pipas, alimentos e outros benefícios com recursos públicos para manterem no poder.
3 Experiência realizada pelas mulheres do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) ao amadurecer as práticas pedagógicas feministas rurais e construir uma Escola Feminista pelas mulheres rurais.
4 https://www.marchamundialdasmulheres.org.br/wp-content/uploads/2016/08/Carta-pol%C3%ADtica.pdf
5 https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/politicas-para-mulheres/arquivo/assuntos/mulheres-do-campo-e-da-floresta/mulheres-rurais/enfrentamento/forum-nacional-permanente-de-enfrentamento-a-violencia-contra-as-mulheres-do-campo-e-da-floresta-e-foruns-estaduais
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Référence électronique
Verônica de Santana et Héloïse Prévost, « Entrevista com Verônica de Santana, agricultora e militante: “Construir um feminismo rural, agir em rede e reconstruir as políticas públicas” », L’Ordinaire des Amériques [En ligne], 233 | 2024, mis en ligne le 20 février 2025, consulté le 14 novembre 2025. URL : http://journals.openedition.org/orda/11318 ; DOI : https://doi.org/10.4000/13cfn
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