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Ensaios Fotográficos

Voltamos ao normal”: o dia dos mortos no cemitério Senhor da Boa Sentença em João Pessoa/PB no pós-pandemia.

Weverson Bezerra Silva

Notas da redacção

Versão original recebida em 18/04/2022 / Original Version 18/04/2022

Aceitação / Accepted 18/07/2022

Texto integral

1O ensaio fotográfico aborda o tema do dia dos mortos em seu contexto pandêmico ritualístico pós-pandemia na cidade de João Pessoa, Paraíba, mais precisamente no cemitério Senhor da Boa Sentença, situado no bairro do Varadouro. A finalidade é mostrar a experiência etnográfica no significado do processo de visitar os mortos como forma de manifestação política, resistência do culto aos mortos e politização da memória, atentando aos processos sociais, simbólicos e econômicos em torno desse dia em tempos da flexibilização no uso das máscaras, no terceiro dia dos mortos no Brasil em 2022 na presença da covid-19, porém em um cenário do “voltamos ao normal” e “todo mundo vacinado”.

2As fotografias foram tiradas do celular Xiaomi note 7, com a tela de 6.3, com resolução 1080 x 2340 pixel tem densidade de pixels de 409 ppi, usa tecnologia IPS LCD com proteção Gorilla Glass 5. A câmera foi a de 48 Mp + 5 Mp na principal, o celular para registrar as fotografias é a ferramenta metodologia mais confortável para facilitar o espaço privado no ambiente público no ritual dos mortos. Foi utilizado o FOTOR online para ampliar o contraste das fotografias e diminuir o brilho, como também aumentando a qualidade.

3Trata-se de problematizar os processos da contemporaneidade sobre o visitar no dia dos mortos, com a ausência/ou quase nenhuma das medidas de biossegurança. O modo como as pessoas organizam-se e agem no espaço do cemitério foi se reconfigurando devido às exigências frente ao que estamos vivenciando desde março de 2020. As mudanças são reflexões da necessidade de adaptações no meio social, para que seja possível manter a ritualização aos mortos e combater o novo coronavírus.

4A percepção da dinâmica social que envolve o cemitério com suas práticas socioculturais, e as relações sociais construídas entre os indivíduos, corroborou a compreender o espaço do cemitério como lugar marcado pelo simbólico, ressaltando que o cemitério não é apenas um lugar para depositar os mortos, ou um patrimônio histórico, mas um espaço podendo-se encontrar marcadores sociais da diferença sendo um deles o racismo estrutural, cuja uma de suas consequência é estruturada no subemprego no dia de Finados.

5Este espaço recebe cuidados, mostra-se como local de trabalho que gera renda, tem disputa de poder, o corpo do enlutado que simboliza suas manifestações religiosas, sofrimento, hierarquias sociais. O cemitério revela as diversidades culturais, econômicas, políticas e sociais da sociedade brasileira. E assim, estudar os aspectos ligados à morte e ao morrer mostra-se como uma forma de compreender a nossa forma de vivenciarmos a perca, a ausência e o sofrimento social com a falta do seu ente querido.

6Percebe-se que, o culto aos mortos é construído por histórias e memórias que entrelaçam sobre formas ritualísticas na perspectiva de pensar o tema estudado por suas diferenças, com seus sistemas particulares e subjetividades em todo o processo de alteridade. Nesse contexto vivenciado, a pandemia trouxe ao cenário habitual da morte e do morrer no contexto das relações entre os enlutados e o corpo morto, impactando assim, nos ritos fúnebres, culto aos mortos e no rito de passagem. No ensaio fotográfico, ficou evidente o retorno ao cemitério depois do “medo do cadáver” e do espaço cemiterial.

7Por fim, posso destacar que diante toda a importância do tema, ensaio fotográfico como esses colaboram para que possamos entender que antropologia é um dos principais propulsores para o debate dos temas que estão diretamente nas relações sociais dos indivíduos, até mesmo a morte que é vista como um tabu, mesmo o ensaio mostrando um espaço cheio devida, fé, cores, atividade social, memória e continuidade simbólica.

Figura 1: Retorno da missa no cemitério.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 2: Oração no momento da missa.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 3: Religiosos como apoio social.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 4: Acender as velas para os seus mortos como conexão.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 5: O levar as flores.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 6: A limpeza do túmulo pelo enlutado com máscara.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 7: Manifestação religiosa.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 8: Oferenda de água e pão para matar a sede e fome dos mortos.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 9: Manifestação política Lula querido do povo nordestino.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 10: Devotos da Santa popular Maria de Lourdes.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 11: Devotos do Padre Zé.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 12: Profissional autônoma do cemitério esperando clientes para organização dos túmulos.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 13: O Cenário da saudade.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 14: O ser lembrado.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

Figura 15: Práticas de rezas individuais.

Fonte: Acervo do pesquisador, 2022.

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Índice das ilustrações

Créditos Figura 1: Retorno da missa no cemitério.
URL http://journals.openedition.org/pontourbe/docannexe/image/13474/img-1.jpg
Ficheiro image/jpeg, 660k
Créditos Figura 2: Oração no momento da missa.
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Ficheiro image/jpeg, 447k
Créditos Figura 3: Religiosos como apoio social.
URL http://journals.openedition.org/pontourbe/docannexe/image/13474/img-3.jpg
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Créditos Figura 4: Acender as velas para os seus mortos como conexão.
URL http://journals.openedition.org/pontourbe/docannexe/image/13474/img-4.jpg
Ficheiro image/jpeg, 290k
Créditos Figura 5: O levar as flores.
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Créditos Figura 6: A limpeza do túmulo pelo enlutado com máscara.
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Créditos Figura 7: Manifestação religiosa.
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Créditos Figura 8: Oferenda de água e pão para matar a sede e fome dos mortos.
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Créditos Figura 9: Manifestação política Lula querido do povo nordestino.
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Créditos Figura 10: Devotos da Santa popular Maria de Lourdes.
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Créditos Figura 11: Devotos do Padre Zé.
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Créditos Figura 12: Profissional autônoma do cemitério esperando clientes para organização dos túmulos.
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Créditos Figura 13: O Cenário da saudade.
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Créditos Figura 14: O ser lembrado.
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Créditos Figura 15: Práticas de rezas individuais.
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Para citar este artigo

Referência eletrónica

Weverson Bezerra Silva, «“Voltamos ao normal”: o dia dos mortos no cemitério Senhor da Boa Sentença em João Pessoa/PB no pós-pandemia.»Ponto Urbe [Online], 30 v.2 | 2022, posto online no dia 28 dezembro 2022, consultado o 29 maio 2023. URL: http://journals.openedition.org/pontourbe/13474; DOI: https://doi.org/10.4000/pontourbe.13474

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Autor

Weverson Bezerra Silva

Doutorando e Mestre em Antropologia (PPGA/UFPB); licenciado e Bacharel em ciências sociais, ambos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Especialista em Tanatologia: sobre a morte e o morrer (FSG). É membro do Grupo de Pesquisa em Saúde, Sociedade e Cultura (GRUPESSC) e da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (ABEC). Integrante do Projeto intitulado Estado, populações e políticas locais no enfrentamento à pandemia de Covid-19 (ANTROPOCOVID). E-mail: weversonsilbez@gmail.com

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