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Dos diálogos sobre a “Nova Era”: etnografia, deslocamentos e desdobramentos

Dialogues on the “New Era”: ethnography, displacements and unfoldings
Elisete Schwade

Resumos

O artigo apresenta a trajetória da pesquisa desde o deslocamento do oeste de Santa Catarina para o doutorado em São Paulo, onde se deu a aproximação com o campo de estudos da Nova Era e dos neo-esoterismos no contexto da metrópole paulistana e a pesquisa de doutorado desenvolvida em três cidades do Nordeste – Recife, Natal e Campina Grande – a partir do ingresso como docente na UFRN, e os estudos que investigam relações entre gênero e geração em contextos rurais, em pesquisas junto a assentamentos. O aprendizado de uma mirada etnográfica de perto e de dentro, a mobilização de categorias analíticas como o circuito, o treinamento da atenção para a centralidade do gênero como organizador de experiências sociais são transversais a estas pesquisas, e destaca-se o papel de José Guilherme Magnani como formador e interlocutor, o que possibilita trocas de perspectivas sobre novos objetos, como comparações entre assentamentos, como o Vale do Lírio, e ocupações urbanas, como a Copa do Povo.

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Dos deslocamentos... introduzindo

1Os cruzamentos de trajetórias acadêmicas revelam experiências subjetivas que se mesclam aos aprendizados teórico-metodológicos. A vivência acadêmica implica em construir afetos, com maior ou menor intensidade. Não parece possível passar por um processo de orientação, seja de Iniciação Científica/graduação, mestrado ou doutorado, sem em determinado momento se deparar com a necessidade de dialogar sobre nossas experiências subjetivas que se misturam à construção dos percursos formativos. A vida acontece nos trajetos de formação que conectam experiências e espaços.

  • 1 No decorrer do texto seguirei fazendo referência somente a Magnani, como é reconhecido e carinhosam (...)
  • 2 MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. Esotéricos na cidade: os novos espaços de encontro, vivência e cult (...)

2Meu contato com a produção e trajetória acadêmica do Prof. José Guilherme Magnani1 se mescla a deslocamentos que fazem parte do meu próprio percurso, entre capitais e interiores, campo e cidade, pesquisas em contextos rurais e urbanos, atuação em instituições de ensino superior muitas vezes referenciadas como periféricas e suas relações com o chamado “centro”. Tudo articulado aos “acasos” (Peirano, 1990) que promovem encontros entre pessoas e experiências acadêmicas. Foi assim que, por meio de uma amiga que cursava doutorado em São Paulo, eu soube dos investimentos do Prof. Magnani em pesquisas sobre a Nova Era, tema que estava no meu horizonte após a conclusão do mestrado, quando eu buscava estudar algo “novo”. Era o ano de 1996. Já conhecia a sua obra de referência, um clássico da antropologia, Festa no Pedaço. Procurei então textos mais recentes e os novos investimentos do Magnani, envolvendo sociabilidade e apropriações dos espaços urbanos. As publicações votadas especificamente para a chamada Nova Era eram então escassas e quase inexistentes. Li um texto escrito por Magnani2 e iniciei o rascunho de uma proposta de pesquisa para ingressar no doutorado. Defendi minha tese em 2001, com o título "Deusas Urbanas; encontros, espaços e experiências neoesotéricas no Nordeste", o trabalho buscou identificar as referências ao feminino em um universo em construção, um circuito no Nordeste.

3As pesquisas realizadas por Magnani trouxeram uma enorme contribuição para a antropologia. Um longo investimento em trabalhos de campo sobre diferentes modalidades de interações, com foco em espacialidades e modos de estar na cidade. Não obstante, trata-se de uma contribuição que vai além do estudo na/da cidade. Nos textos de Magnani, é recorrente a preocupação em sublinhar os rendimentos e usos da principal ferramenta de nossa disciplina, qual seja, a etnografia.

4Em todas as publicações do autor se repetem as referências e indagações que, no decorrer do seu percurso, marcam de que modo a antropologia, formada no estudo de sociedades de pequena escala, lida com a complexidade característica de uma metrópole (Magnani, 2000, p. 19). Assim, desenvolveu e orientou pesquisas sobre diferentes formas de ocupação do tempo livre, de modo especial em São Paulo. Da festa no pedaço aos pedaços da cidade, descortinando temas com mundo dos surdos, circuitos de jovens, neo-esoterismo na metrópole (retornarei a esse último em seguida, que me conectou mais diretamente durante o meu doutorado). Sempre em referência à família de categorias – pedaço, mancha, trajeto, pórtico, circuito. E com uma aproximação particular, que segue inspirando e se tornou bem conhecida a sua concepção da etnografia: "de perto e de dentro"

5Falar da produção do Magnani implica em diferentes recortes. Inclusive geracional. Mas diz muito sobre movimentos e possibilidades de compreensão em diferentes escalas. Em 2014, durante a 29a. RBA que aconteceu em Natal/RN, da qual Magnani estava participando, ele me perguntou se eu poderia leva-lo a um assentamento rural. Com a preocupação de compreender a organização da vida e a ocupação de diferentes espaços, bem como a relação com movimentos sociais, ele buscava o que chama de uma “experimentação etnográfica”, com o objetivo de estabelecer contrastes e planos comparativos, nesse caso entre um acampamento em São Paulo (Copa do Povo) e um assentamento. Pensei no Vale do Lírio, pela proximidade com Natal e pequenos espaços urbanos. Foi um dia de campo que se transformou em uma escrita sobre essa experiência, comparada com o acampamento Copa do Povo 3

6Esse momento foi bastante emblemático sobre as conexões e possibilidades de diálogo entre meus percursos acadêmicos e a belíssima trajetória antropológica do Magnani. Foi em assentamentos rurais que desenvolvi longos períodos de pesquisa, espaços que se cruzam em diferentes temporalidades, abordagens e temáticas, na minha trajetória acadêmica, inclusive com atividades de intervenção e ensino.

7Dito isso, gostaria de desenvolver nesse texto duas chaves que conectam a minha experiência acadêmica e a brilhante trajetória de José Guilherme Magnani. De um lado, um tema de pesquisa, o universo da Nova Era – “neo-esotérico" –, que me remete a um período da minha vida repleto de deslocamentos e de busca por novas possibilidades de pesquisa. Vejo hoje que foi um contexto de muitas mudanças na minha vida pessoal, que se articulou ao que, naquele momento, eram os anúncios de uma Nova Era, fenômeno que me interessava pesquisar. De outro, as possibilidades analíticas do investimento na etnografia e nas referências da antropologia urbana. Tendo em vista o legado acerca de categorias que conectam práticas e espaços, vejo dois resultados importantes desse encontro para a realização do doutorado na USP. Primeiro, o uso das categorias propostas para leitura de práticas além de metrópoles, como possibilidade de dar organicidade e sinalizar recorrências desse difuso universo da chamada Nova Era, o que me fez entender o então chamado fenômeno neo-esotérico (antes e na virada do milênio) como um processo e em construção, em outros contextos: não mais na metrópole, ou em uma metrópole, mas na conexão entre cidades de interior, capitais periféricas. O eixo de reflexão sobre o feminino foi de importância fundamental, por destacar, além de um tema que já estava identificado em tripé ecologia – espiritualidade-feminino, também um movimento e um olhar sobre esse universo a partir de mulheres. Um segundo resultado se situa na continuidade dos meus investimentos em pesquisa, na aplicabilidade dos aprendizados das referências aos processos, heterogeneidades e complexidades de contextos urbanos e as correspondentes perspectivas a partir da etnografia. Esses foram de importância fundamental para um olhar sobre os espaços rurais, particularmente assentamentos resultantes da luta do MST, em outra perspectiva, incorporando o movimento dos deslocamentos.

Encontros na Antropologia da USP entre deslocamentos: Oeste de Santa Catarina, UFRN/Natal e o Núcleo de Antropologia Urbana/USP

8Minha formação acadêmica de graduação e mestrado foi realizada na Universidade Federal de Santa Catarina, entre 1983 -1993. O período entre a conclusão do mestrado, dissertação defendida em julho de 1993, e o ingresso no doutorado na USP, em março de 1996, envolveu deslocamentos de diferentes ordens e direções. Já em 1991, ingressei como docente de Antropologia em uma universidade no Oeste de SC, o que implicou a mudança de cidade, de Florianópolis para Chapecó/SC.

9Após concluir o mestrado, em 1993, eu me submeti a concurso público na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, um novo deslocamento, dessa vez para uma realidade geográfica e culturalmente mais distante. Por conseguinte, passei a residir em Natal/RN, após a aprovação para uma vaga para docente na disciplina Teoria Antropológica na UFRN. Eu não conhecia o Nordeste e tinha pouca experiência em viagens.

10No processo em que me estabelecia na UFRN, enquanto buscava novos investimentos em pesquisa, fiz algumas leituras de Antropologia Urbana e tive contato com referências que, em 1995, emergiam como um conjunto de práticas que afirmava uma “nova era”. Entre eles, textos do Magnani, que desde 1991 desenvolvia pesquisas e buscava registrar as diferentes manifestações desse fenômeno em São Paulo (Magnani, 2012, p. 17). Na perspectiva de dar continuidade ao estudo das questões de gênero, elaborei um projeto de pesquisa sobre o feminino no universo neo-esotérico e entrei em contato com Magnani para ver a possibilidade de orientação. Com a sinalização positiva, submeti a proposta ao PPGAS da USP no final de 1995. Assim, no início de 1996, ainda vivendo os impactos e a instabilidade da migração da região Sul para o Nordeste, surgiu uma nova mudança de cidade, dessa vez para São Paulo. Esse investimento precoce no doutorado (tendo como referência o ingresso recente como docente na UFRN) foi uma decisão que levou em consideração a necessidade de investimento imediato na qualificação, dado o incentivo do PICDT, programa de qualificação de docentes das universidades públicas da CAPES, que em 1995, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, estava sob ameaça em razão dos cortes pelo enxugamento da máquina pública. Para tanto, contei com bolsa CAPES e afastamento com remuneração para curso de doutorado.

11No primeiro ano de doutorado, vivi essa nova fronteira com intensidade. Morar em São Paulo, cidade difícil, lançou-me num mar de questionamentos e desafios – por que tantos deslocamentos recentes? Ao mesmo tempo estava bastante entusiasmada em estudar na USP, uma instituição importante na formação de linhagens de antropólogos e da pesquisa na antropologia brasileira. O ano de 1996 foi marcante também por outro acontecimento, destes que a vida nos presenteia: engravidei do meu primeiro filho, Daniel, e me vi diante do desafio e da beleza da maternidade. Como muitas mulheres, fiquei apreensiva em um primeiro momento, inclusive pensando como Magnani receberia essa notícia. Sabemos que a conciliação da maternidade com a vida acadêmica é revestida de preconceitos. Mas saí aliviada da minha conversa-comunicado com Magnani, me senti acolhida.

  • 4 Organizado pelo corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, que se m (...)

12Assim, cumpri créditos e construí uma aproximação com as pesquisas e as/os pesquisadoras/es do Núcleo de Antropologia Urbana – NAU, coordenado por Magnani, além de cursar a disciplina Antropologia Urbana. Tive oportunidade também de cursar Teoria Antropológica Contemporânea, com o Prof. Roberto Cardoso de Oliveira, que naquele semestre (1996.2) encerrava a sua participação como professor visitante na USP. Durante esse ano, vivi intensamente as atividades da USP. Destaque para um evento mensal, chamado Sexta do Mês4, em que assisti palestras sobre diversos temas, com importantes antropólogos de instituições brasileiras e internacionais.

13O desenvolvimento de meu projeto de tese se constituiu numa nova fronteira em minha trajetória no âmbito da pesquisa, desde que envolveu um tema que estabelecia alguns contrastes com a minha experiência anterior. Refletindo sobre essa escolha como parte da memória, percebo que foi de extrema importância o desenvolvimento desse trabalho nas referências da antropologia urbana, com a possibilidade de me aprofundar em outra literatura, etnografias sobre sociabilidades, heterogeneidade, apropriação de espaço, lazer e circulação nas cidades, vida urbana, estilos de vida, segmentos médios, outro olhar sobre a vida e o mundo.

  • 5 Universidade do Oeste de Santa Catarina.

14Quando concluí o mestrado, estava bastante interessada em dar continuidade à discussão das questões de gênero. Temas relacionados, como família, violência contra a mulher, eram objeto de discussão nas disciplinas que eu ministrava na UNOESC5, sobretudo no curso de Serviço Social. Já no meu primeiro ano na UFRN, no primeiro semestre de 1995, organizei um evento e um minicurso sobre a temática, curso esse ministrado pela Profa. Miriam Grossi e que reuniu várias organizações feministas, além de intensificar o contato com a Profa. Elizabeth Nasser, antropóloga e feminista.

  • 6 SCHWADE, Elisete (2006). BIB- Boletim Informativo e Bibliográfico.

15No projeto que desenvolvi no doutorado, a princípio, eu percebia certas linhas de continuidade com minha experiência de pesquisa anterior, a exemplo também da dimensão da religiosidade, que me fez atentar para a importância das chamadas práticas esotéricas na vida cotidiana dos adeptos. Não obstante, de imediato, foram se apresentando novas rupturas – o questionamento necessário sobre as práticas e os conteúdos, que já não apresentavam aspectos que as permitisse pensar como religiosidade per se. Lembro que fiz um longo investimento na revisão de literatura sobre religiosidade, que se mostrou com pouco rendimento e indicou a necessidade de um deslocamento para outras contextualizações dessas práticas, vinculadas a estilos de vida urbanos que atualizavam referências múltiplas e heterogêneas, tais como artes divinatórias, práticas terapêuticas tradicionais, estilos idiossincráticos de vivências espirituais, a relação com o consumo, entre outros. Como se tratava de um tema emergente, fiz uma revisão de literatura que percorreu artigos em periódicos acadêmicos, textos publicados em anais de eventos, espaços que tinham como particularidade o fato de não estarem restritos a temas ou a áreas de conhecimento – ou seja, encontrei referências em eventos sobre religiosidade, saúde, antropologia urbana, entre outros. Esse mapeamento por si só se constituiu em uma experiência importante, o que me fez retomar essas referências após a defesa da tese em um artigo que submeti e foi publicado na BIB/ANPOCS6.

  • 7 Feminino situado como parte de um tripé, junto com ecologia e espiritualidade, compunha o eixo cent (...)

16No desafio de compreender um universo ainda pouco pesquisado (sobretudo no recorte do feminino), que se apresentava como difuso, com contornos pouco definidos, situo outro aprendizado na pesquisa antropológica realizada no doutorado, sob orientação do Prof. Magnani: etnografar processos em construção. Hoje diria com segurança que a etnografia é sempre construção e processo. A elaboração da tese de doutorado permitiu reforçar essa noção, na realização de uma etnografia de experiências, encontros e espaços neo-esotéricos no Nordeste, tendo como referência a centralidade do feminino. Nesse sentido, busquei registrar distintas manifestações das chamadas práticas neo-esotéricas, uma vez que na região Nordeste ainda não havia registros que permitissem perceber a extensão e as diversas expressões do fenômeno. Minha busca de imediato me levou a perceber certas singularidades, como por exemplo a regularidade de congressos, especificidades que se estendiam aos modos de organizações de eventos e nas diferentes ações e, em especial, no movimento de atrizes, atores e agentes. Isso fez compreender que as referências difusas associadas à Nova Era, vistas a partir do feminino7 e o registro da centralidade que assumiam na vida de mulheres, compunham um tipo particular da organização da vida dos adeptos. A pesquisa, realizada em três cidades diferentes, em Recife/PE, Campina Grande/PB e Natal/RN, registrou a difusão dessas práticas no Nordeste do Brasil. E ainda, oportunizou refletir a organização dessas práticas em escalas, desafiando os contornos que assumiam na metrópole (Magnani,1999) e dialogando com formatos que se apresentavam em cidades de interior. Do mesmo modo que o relatado por Magnani (1999), na medida em que circulava pelas cidades, fui percebendo as menções a essas práticas e seus modos próprios de difusão – como me dizia o Prof. Magnani, nas reuniões de orientação, o campo vai se arranjando e revelando alguma organicidade na medida em que se desenvolve a etnografia.

  • 8 Localizo o rendimento dessa categoria, desenvolvida por Magnani (2012, entre outros), no estudo de (...)

17Minha primeira experiência se deu em um evento, na cidade de Campina Grande – PB, chamado "Carnaval da Nova Consciência". Um acontecimento único no carnaval da 2a. maior cidade da Paraíba, com atividades que se concentravam no Teatro Municipal e se ramificavam por toda a cidade, com a presença de representantes de diversos universos confessionais, tradições de cura, artes divinatórias. Uma das particularidades do evento, além de um conjunto de práticas e vivências, eram reflexões em palestras e mesas no grande auditório, envolvendo dilemas da contemporaneidade, entre os quais se destacavam as questões da tolerância, paz e globalização. Uma importante manifestação do fenômeno cosmopolita da chamada Nova Era, com reunião de indivíduos de diferentes partes do país, diferentes nacionalidades e etnias, em dialogo, troca de experiências e sensibilidades, interações a partir de uma linguagem polissêmica, característica do universo complexo das práticas e representações então difundidas. Como se tratava de um evento que acontecia sempre durante o período de carnaval, portanto com uma edição/ano, decidi iniciar a pesquisa já em 1997. Em fevereiro, grávida de 06 meses, com a companhia de meu companheiro, fiz um registro denso daquela que seria a minha principal referência na tese. Se descortinava então um circuito, categoria que fui compreendendo na medida em que avançava na pesquisa8. O Encontro para a Nova Consciência naquele momento concentrava a diversidade e heterogeneidade desse fenômeno. Sempre em referência ao Novo Milênio, à espiritualidade, à ecologia, as menções ao feminino se repetiam em dialogo com diferentes e inusitados arranjos. Ali em Campina Grande assisti a uma conferência com Leonardo Boff, que eu conhecia pelo seu vínculo com a Teologia da Libertação. Práticas religiosas orientais, xamanismo urbano, tarólogas, líderes religiosos vinculados ao espiritismo, aos cultos afro brasileiros. No conjunto de práticas, no evento e nos diferentes registros sobre o universo que no meu trabalho denominei neo-esotérico, além do discurso em referência ao feminino como um dos princípios estruturantes, tinha destaque a presença de mulheres, em termos numéricos e ligadas a diferentes interfaces culturais que se cruzavam na manifestação desse fenômeno. E o feminino assim denominado era destacado de modo especial nas trajetórias individuais de mulheres.

18No Encontro Para a Nova Consciência eu transitava pelas diferentes atividades. Assistia a palestras, mas também oficinas de xamanismo urbano, cartomancia, praticas terapêuticas. E em todas essas propostas e práticas, fui identificando redes de contato. Os registros e interações me levaram a perceber que o evento conectava pessoas de diferentes regiões. E, nesse encontro, circulavam pessoas que classifiquei, na minha organização em escalas, como especialistas, dado a recorrência da presença e a forma como eram citados no campo: líderes de diferentes denominações religiosas, escritoras e também acadêmicas.

19Fui identificando a importância de realizar uma pesquisa sobre essas redes e ramificações no Nordeste, pouco registradas até então. Em Recife, que nas escalas urbanas seria classificada como metrópole, circulava no principal jornal impresso (Jornal do Commercio) uma página semanal com o título ‘esoterismo”, assinada por uma jornalista que era também taróloga e que conheci no Encontro em Campina Grande. Nessas atividades, identifiquei mediadores, pessoas que atuavam em palestras, pequenas vivencias, divulgação de produtos e práticas, em espaços chamados alternativos. E, para completar o circuito, em Natal, cidade onde residia, os acasos me colocaram em contato com um grupo de mulheres que realizavam rituais em Wicca em pequenos grupos, onde tive acesso as formas idiossincráticas na adesão ao universo, particularmente na relação entre natureza e feminino.

20Estava, assim, diante de um conjunto de experiências e práticas cuja organicidade revelava escalas. O registro nessas diferentes cidades permitiu refletir sobre a presença do feminino como componente, referência a espaço, presença significativa de mulheres e também processo. Dinâmicas de um contexto de segmentos médios urbanos, estilos de vida idiossincráticos, mas igualmente referentes. Foram os acasos que me levaram a essas cidades. Não obstante, identificado como um universo em construção, poderia ter investido no reconhecimento de circuitos que conectavam Campina Grande a cidades de outros estados. Foi na realização dessa etnografia que aprendi uma das principais características dessa importante ferramenta da nossa disciplina, que já mencionei acima: a condição de provisoriedade, das escolhas contingentes, da construção permanente. Retornei a Campina Grande em 1998, 1999 e 2000. E nos períodos entre um carnaval e outro fui seguindo pistas e possibilidades de aprender esse fenômeno em diferentes escalas. Terminei com um registro etnográfico que envolvia conexões entre grandes eventos (Campina Grande/PB, Carnaval da Nova Consciência), a distribuição em bairros de classe média, em uma rede de práticas e consumo (Recife/PE) e a realização de rituais domésticos Wicca (Natal/RN).

21Para realizar a pesquisa em Recife, todos os domingos eu comprava o jornal mencionado – Jornal do Commercio – registrava o anúncio de atividades. Assim efetuava a escolha dos períodos de registros etnográficos. Os espaços, chamados holístico/alternativos, estavam sempre localizados em bairros de segmentos médios, como Espinheiro, Casa Amarela entre outros. Eu me hospedava em pousadas próximas, me inscrevia e comparecia às atividades coletivas anunciadas – como palestras, cursos, oficinas. Nesses espaços se cruzavam práticas e aprendizagens coletivas e individuais, bem como também se destacava a ênfase no consumo. A partir de um contato denso e continuo com divulgadoras, práticas, conteúdo e produtos nesses espaços, foi possível identificar uma atuação intermediária, principalmente de mulheres, fomentadoras de práticas que se situavam entre os grandes eventos e vivência mais individualizada de adesão ao universo neo-esotérico. Também me detive em seguir um grupo de mulheres, reunindo elementos de trajetórias individuais, identificado recorrências nos modos de circulação, nas viagens, nas mediações e nas experiências o que foi agregando novos elementos para refletir sobre a centralidade do feminino.

22Já nos rituais Wicca, eu acompanhei o que as participantes denominam Roda do Ano em Natal/RN, durante o ano de 1998 e 1999. Os rituais eram cuidadosamente preparados, sempre com aviso das restrições que antecediam, como alimentação, de acordo com cada celebração. Os cultos, sempre realizados em círculos, envolviam diferentes elementos, selecionados pelas organizadoras. Embora envolvesse uma afirmação de modos idiossincráticos de vivência da espiritualidade, os rituais terminavam sendo também um espaço coletivo, de encontro e também troca de informações sobre participação em outros eventos.

23Assim, percorrendo esse universo em diferentes escalas e as correspondentes conexões, percebi que as referências ao feminino se situavam em uma condição polissêmica, sempre em construção, que ampliava a expectativa de uma "volta às origens" e multiplicava significados: natureza, símbolo da harmonia, da integração, entre outros. Nesse movimento, seja como Deusa, como bruxa, ou na fala de distintos contextos vivenciados por mulheres, o feminino se afirmou como princípio e um dos pilares do universo neo-esotérico, configurando-se no proposito de marcar uma atitude diante da vida,

24Finalizei o doutorado em 2001 e minha inclinação pela continuidade da pesquisa sobre as práticas neo-esotéricas vinha perdendo força, tal qual esse movimento que estava em um processo de inflexão após virada do milênio. Não obstante, o rico aprendizado e o registro de um processo em construção me reportaram novamente a um dos campos de pesquisa, em Campina Grande onde, com um olhar então mais distanciado, alguns anos depois, percebi um aspecto significativo dessas práticas, a saber: a capacidade que seus adeptos tinham de percebê-las em diferentes eventos significativos das experiências vividas, da associação com o momento do nascimento até a morte. A partir desse registro, retomei um dos pontos que desenvolvi na tese e escrevi um artigo que destacou o Encontro para a Nova Consciência e sugeriu essa tendência, publicado na revista “Religião e Sociedade'.

25Os investimentos em pesquisa realizados por Magnani em São Paulo, bem como os registros desse fenômeno que eu fiz no nordeste do Brasil, fixaram na escrita um movimento importante nos setores médios urbanos, na ocasião associado a virada do milênio. No “Brasil da Nova Era" (Magnani, 2000) Magnani relata a sua aproximação com esse universo por meio de referências em jornais, da circulação de anúncios em livrarias. Também foi por meio de jornais que eu tive acesso ao que acontecia em Recife, aos espaços, atividades e temas que desenhavam o universo da chamada Nova Era. Buscávamos perceber as relações com a organização de um tipo de consumo nas cidades, que atraia um público especifico, de segmentos médios e portadores de um tipo singular de capital cultural. Hoje, ainda que com menos frequência, vejo referencias que se espalham rapidamente pelas redes sociais, muito diferentes da ida até a banca de jornal para ver a divulgação. São diferentes intensidades, meios e temporalidades. Não obstante, o contraste sinaliza a importância das pesquisas que, além do registro das dinâmicas, dos temas e dos movimentos, mostraram que essas práticas tinham espacialidades conectadas: os espaços, pedaços, trajetos e circuitos produzidos nesse processo de um universo em construção.

Outros movimentos, novas fronteiras: gênero e geração, conexões entre contextos rurais e urbanos

26 Saí do doutorado com a expectativa de ampliar a pesquisa em contextos urbanos. Elaborei um projeto sobre gravidez na adolescência voltado para a abordagem dessa questão em segmentos populares. O tema buscava também dar continuidade às reflexões sobre gênero, com enfoque no universo relacional do masculino e feminino, situado no contexto das relações de juventude, responsabilidade e paternidade.

  • 9 Esse curso faz parte do Programa Nacional de Educação e Reforma Agrária - PRONERA, desenvolvido por (...)
  • 10 Esse curso adota a pedagogia da alternância, com tempo escola e tempo comunidade.

27Estava ainda no início dessa pesquisa quando, em 2002, fui convidada para ministrar um curso de Antropologia no curso de graduação Pedagogia da Terra9, cuja turma era composta por militantes do MST e residentes em assentamentos rurais. Tratava-se de um curso modular10, com aulas intensivas, sempre com uma disciplina durante uma semana. Essa etapa do curso aconteceu em um campus da UFRN situado em uma cidade no interior do RN – Nova Cruz. O espaço estava em reforma e foi adaptado como local para as aulas e também funcionava como alojamento, meu e dos cerca de 60 alunos. Tudo era muito precário, um prédio que estava sem água encanada e sem instalações adequadas, o que me fez lembrar de processos de acampamento e início da organização de assentamentos, a experiência do mestrado.

28Foi essa experiência que me lançou novamente em investimentos de pesquisa em assentamentos rurais. Mas agora com um olhar que não mais buscava compreender como se deu o processo de formação dos assentamentos, concentrada na organicidade da luta pela terra, nas características desse importante movimento social, o MST. A porta de entrada, políticas educacionais especificas do PRONERA, já indicavam a necessidade de ampliar, ajustar o foco. Assim, nos anos seguintes busquei perceber os movimentos dos residentes em assentamentos em direção a espaços para além da terra conquistada e ocupada, registrei deslocamentos, sobretudo de jovens e mulheres, na perspectiva de ampliar a compreensão do processo de mudanças no meio rural brasileiro, bem como um processo intenso de conexões com espaços urbanos, impulsionado pela organicidade do MST. Territorialidades e espaços em processos que mesclam aprendizados na luta à formação profissional, que se estendem do assentamento aos gabinetes nas universidades, que repercutem na socialização de jovens, desafinado limites e ampliando possibilidades. Assim foram se revelando diversidades e formas heterogêneas de viver a experiência de luta pela terra. Um olhar para o espaço rural a partir da perspectiva aberta e em interação com diferentes escalas de cidades. A título de exemplo, fui percebendo o quanto é fundamental, para a continuidade da proposta de expansão do MST, a atuação dos jovens, de modo especial o modo particular como interagem com os espaços e recursos das cidades. Destaquei também, nas minhas pesquisas, particularidades em se tratando desses deslocamentos, pelas motivações, por meio de estudos envolvendo militâncias e também o gênero – trajetórias e deslocamentos de jovens e mulheres. Segui na minha perspectiva de ampliar a reflexão sobre gênero e geração nesses deslocamentos. Como aprendizados importantes do exercício de pesquisa no doutorado, a atenção para a forma como as trajetórias se conectavam e o que mobilizavam nos percursos. Nesse caso, as interações em experiências por meio das quais os assentamentos rurais estão intrinsecamente relacionados a diferentes processos, nos movimentos sociais e em diferentes instituições que se localizam nas cidades.

29Nesse sentido, na continuidade da minha experiência de pesquisadora, após o mergulho na antropologia urbana, incorporei a preocupação de uma mirada de “perto e de dentro”, buscando compreender como a ocupação de terras e a organização de assentamentos aciona um processo complexo, heterogêneo, dinâmico. Fui me distanciando das comparações entre contextos rurais na perspectiva de entender, por exemplo, os impactos do MST na produção agrícola. Me voltei para o que as ocupações nos ensinam, com as experiências de deslocamentos, dos trânsitos entre espaços rurais e urbanos, da circulação na realização da militância – formação, escolaridade, participação de eventos e tantas outras situações que compõe o que significa viver a experiência do MST e dos assentamentos rurais. Me debrucei mais detidamente no acompanhamento e diálogo com as trajetórias de jovens e mulheres

30E aqui me conecto com as observações de Magnani, em texto mencionado acima, sobre as articulações e distinções entre acampamento e assentamento (Magnani, 2015). Pensando as características de ocupação de espaços, em escalas, a reflexão por contrastes e comparação efetuada, situa o acampamento mais próximo do provisório, que dialoga com o entorno, com a cidade; o assentamento, com uma rotina já estabelecida, mais autocontido. Ultrapassando a escala e a espacialidade, bem como os limites assumidos por Magnani na etnografia do assentamento, posso argumentar que a dinâmica do assentamento também enseja o fluxo, o movimento constante, processos de deslocamentos e um intenso diálogo com a cidade. De modo espacial o assentamento mencionado, Vale do Lírio, muito próximo a espaços urbanos, o que faz que muitos residentes trabalhem ou estudem em espaços próximos, retornando diariamente ao assentamento. E, com essa experiência de deslocamentos, podemos aprender sobre conexões entre contextos rurais e urbanos. O investimento em pesquisas nessa direção, buscando etnografar deslocamentos e conexões entre espaços rurais e urbanos, reverberou também em diferentes orientações de trabalhos, na Iniciação Científica e também no mestrado e doutorado no PPGAS UFRN. E, mais recentemente, me lançou em pesquisas reflexões sobre práticas educativas, importante campo teórico da antropologia que vem se ampliando com reverberações em diferentes contextos de pesquisa.

Finalizando...

31 Como palavras finais, desejo destacar a importância dos aprendizados sobre a etnografia que fez parte da minha formação em dialogo com Magnani. Do entusiasmo de suas experimentações etnográficas, em temas e espaços inusitados, buscando compreender os arranjos singulares, de modo especial com ênfase na espacialidade em seus movimentos e vista de perto e de dentro. Um efeito distintivo, mencionado de maneira recorrente em seus escritos, de pensar as possibilidades da etnografia “quando o campo é a cidade" e a antropologia é feita na metrópole.

32Gostaria de destacar a importância do investimento do Magnani em incentivar a experimentação etnográfica em seus cursos e na organização de grupos e atividades de pesquisa. Além de um tipo muito particular de orientação, pautada num diálogo sensível e sempre bem humorado, indicando a necessidade de uma prática treinada no olhar aguçado e atento. Sobretudo quando eu me via presa a busca de lógica e racionalidade, Magnani dialogava desconstruindo angústias, como gostava de repetir, "siga na pesquisa, os dados vão se arranjando". Mas não como algo magico e sim no investimento cuidadoso dessa proposta de aproximação e distanciamento analítico. Assim participei de rituais Wicca, busquei entender astrologia, fiz oficina de introdução ao xamanismo. E fui desvendando referências ao feminino e participação das mulheres nesse processo. Desconstruindo noções como ‘retorno ao feminino", “volta ao matriarcado”, fui localizando mulheres em suas referências, teias de significados, percebendo o que se chamava neo-esoterismo como um processo e em construção.

33Meus investimentos na reflexão sobre a pesquisa antropológica, a partir das referências de gênero, sempre trouxeram para a discussão a temática da subjetividade na realização da etnografia. E esse tema, que de fato atravessa nosso fazer em pesquisa, se constituiu em elemento importante também na proposta do olhar de perto e de dentro. Especificamente sobre o objeto de nosso diálogo em pesquisa, meu e do Magnani, lembro também de um interesse seu próximo, tendo em vista os envolvimentos com meditação, cultivo da espiritualidade. Recordo do diálogo profundo do Magnani com as referências e bibliografias desse universo, bem como o domínio apurado das categorias êmicas. Lembro do dia de defesa da minha tese, que Magnani chegou e me disse “está tudo bem, fique tranquila, eu acordei e pratiquei meu tai chi”. E, recentemente, quando o encontrei na USP, durante da defesa de livre docência da Silvana Nascimento, véspera de carnaval, ele estava se organizando para um retiro, meditação, silêncio. Afinal, nessa fronteira inexistente entre o outro e o mesmo, tão presente na pratica da pesquisa antropológica, aprendemos que a abertura para experiências desestabiliza o que é da ordem do subjetivo e exige assumir as nossas transformações no percurso. Ninguém sai da mesma forma desse mergulho. Gratidão pelos seus ensinamentos e pelo muito que aprendemos juntos, Prof. Magnani!

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Bibliografia

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MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. Mystica Urbe: um estudo antropológico sobre o circuito neo-esotérico na metrópole. 1. ed. São Paulo: Studio Nobel, 1999. v. 1. 143p 

MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. O Brasil da Nova Era. 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. v. 1. 63p.

MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. Quando o campo é a cidade: fazendo antropologia na metrópole. In: José Guilherme Cantor Magnani; Lilian de Lucca Torres. (Org.). Na Metrópole: Textos de Antropologia Urbana. 2ed.São Paulo: Edusp - FAPESP, 2000, v. 1, p. 15-53.

MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. Da periferia ao centro: trajetórias de pesquisa em Antropologia Urbana. 1. ed. São Paulo: Terceiro Nome, 2012. v. 1. 345p

MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. A Copa Do Povo e o Vale do Lírio: duas experiências sob o olhar etnográfico “de perto e de dentro”. Áltera, v. 1, p. 112-143, 2015.

PEIRANO, Mariza. Artimanhas do acaso. Anuário antropológico. v. 14 n. 1 (1990

SCHWADE, Elisete. Deusas Urbanas: Encontros, espaços e experiências neo-esotéricas no Nordeste Tese de Doutorado. FFLCH/USP, 2001

SCHWADE, E. Neo-esoterismo no Brasil: dinâmica de um campo de estudos. BIB. Revista Brasileira de Informação Bibliográfica em Ciências Sociais, v. 61, p. 5-25, 2006.

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Notas

1 No decorrer do texto seguirei fazendo referência somente a Magnani, como é reconhecido e carinhosamente chamado na comunidade, de perto e de dentro.

2 MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. Esotéricos na cidade: os novos espaços de encontro, vivência e culto. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 9, n.2, p. 66-72, 1995.

3 MAGNANI, Jose Guilherme Cantor. A Copa do Povo e o Vale do Lírio: duas experiências sob o olhar etnográfico “de perto e de dentro”. Áltera, v. 1, p. 112-143, 2015.

4 Organizado pelo corpo discente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da USP, que se mantém até o presente.

5 Universidade do Oeste de Santa Catarina.

6 SCHWADE, Elisete (2006). BIB- Boletim Informativo e Bibliográfico.

7 Feminino situado como parte de um tripé, junto com ecologia e espiritualidade, compunha o eixo central das práticas chamadas neo-esotéricas ou nova era, conforme Magnani (1998).

8 Localizo o rendimento dessa categoria, desenvolvida por Magnani (2012, entre outros), no estudo de conexões estabelecidas entre diferentes espaços e manifestações, de acordo com a sua apropriação.

9 Esse curso faz parte do Programa Nacional de Educação e Reforma Agrária - PRONERA, desenvolvido por meio do convênio com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA/MST e UFRN. Retomo adiante.

10 Esse curso adota a pedagogia da alternância, com tempo escola e tempo comunidade.

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Para citar este artigo

Referência eletrónica

Elisete Schwade, «Dos diálogos sobre a “Nova Era”: etnografia, deslocamentos e desdobramentos»Ponto Urbe [Online], 32 | 2024, posto online no dia 25 outubro 2024, consultado o 17 fevereiro 2025. URL: http://journals.openedition.org/pontourbe/17099

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Autor

Elisete Schwade

Professora Titular do Departamento de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3488-1171

Email: eliseteschwade@gmail.com

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