Introdução

1Como resultado da evolução do turismo ao longo do tempo, surgem novos tipos de turismo e stakeholders, integrando a olivicultura e a produção de azeite neste negócio (Alonso, 2010). Em Portugal, o turismo relacionado com o olival e o azeite é designado por Olivoturismo, podendo ser utilizada a mesma terminologia que em Espanha, Oleoturismo, seguindo o prefixo latino para a oliveira "Olea europaea, L." (Fernandez et al., 2019).

2O Turismo do Azeite, enquanto subcategoria do Turismo Cultural/Turismo Gastronómico, tem despertado recentemente a atenção de investigadores na área do marketing e gestão do turismo (Alonso e Krajsic, 2013; Hernández-Mogollón et al., 2019), revelando um enorme potencial para o cross-selling ao nível da experiência (Alonso, 2010).

3Este conceito foi definido como "uma forma de turismo que inclui experiências como: visitar locais de produção de azeite e ficar em alojamentos locais, frequentar cursos de culinária à base de azeite, comprar azeite, fazer trekking em rotas de azeite" (Manisa et al., 2013, pp. 12, 16). Além disso, Pulido-Fernández et al. (2018, p. 1624) mencionaram o oleoturismo como um "turismo de interesse especial e deriva de três tipos de turismo de interesse geral (rural, natureza e cultural) com ligações a outros tipos específicos de turismo" e Nunes (2014) acredita que este tipo de sinergia, impulsiona a competitividade das empresas, o desenvolvimento do território e a autenticidade da experiência.

4Com base nas boas práticas espanholas, Millán et al. (2018, p.101) detalharam vários tipos de experiências de turismo de azeite: "os visitantes podem desfrutar de paisagens de olivais antigos e visitar os seus lagares de azeite, para aprender sobre o seu fabrico e provar diferentes variedades de azeite", uma experiência muito semelhante à do enoturismo.

5Assim, a pergunta de partida é: "O que é que realmente importa na Experiência de Turismo do Azeite?" O presente estudo examina a literatura sobre a Experiência de Turismo do Azeite, considerando uma análise sistemática e estruturada da investigação relevante. A secção I apresenta uma visão geral dos conceitos e modelos de Experiência de Turismo do Azeite. A metodologia aplicada na revisão da literatura é detalhada na secção II. A discussão dos resultados é apresentada na secção III, enquanto a direção da investigação futura em olivoturismo e as principais conclusões são apresentadas no final.

I. Panorama do Olivoturismo: história, território e turismo

A. Azeite: uma longa história de produção

6O azeite é derivado do fruto da árvore perene Olea europaea, que cresce em climas temperados com verões quentes e secos. A oliveira, Olea europaea L., tem origem na bacia oriental do Mediterrâneo (Figura 1), no período Neo-Calcolítico, e a extração de azeite da oliveira, az-zait, na Idade do Bronze (Şahi̇n e Aydin, 2017). De acordo com Tannahill (1973), há cerca de 5 000 ou 6 000 anos, as oliveiras dominavam as zonas rurais da Palestina, da Síria e de outras áreas do Médio Oriente. O mapa mostra as três maiores vagas de difusão de cultivares. As árvores passaram a ser cultivadas e os seus frutos (verdes que amadurecem para castanhos ou para azul-roxo-preto) ficaram carregados de azeite.

7A oliveira e o azeite são elementos frequentemente associados à mitologia grega, à arte, à religião, à saúde, ao bem-estar e à alimentação, e estão na origem das trocas comerciais e culturais entre as civilizações mediterrânicas desde a Antiguidade. Este azeite - tecnicamente um óleo de fruta e não um óleo vegetal, como é classificado - era sem dúvida utilizado para alimentar as lamparinas, e foi introduzido na medicina e na cosmética, bem como na cozinha. As múltiplas utilizações do óleo criaram uma grande procura no mundo antigo, que era satisfeita por óleos produzidos a partir de nozes, amêndoas e sementes de sésamo, linho e rabanete, bem como de azeitonas (Tannahill, 1988). Caldas, (1998) referiu o livro mais antigo sobre a plantação, colheita e prensagem de azeitonas na Hispânia "De Agri Cultura" de Catos de Elder, do século II a.C.

8Na Península Ibérica, a oliveira foi introduzida pelos fenícios por volta de 900 a.C. (Paquete, 2013) motivados pelo florescimento da indústria metalúrgica no Mediterrâneo. Para promover o comércio, os fenícios "deram o impulso tecnológico necessário, ensinando a arte de cultivar plantas autóctones como a vinha, a oliveira e a alfarrobeira. Também os primeiros moinhos de cereais aperfeiçoados, os lagares de extração de vinho e de azeite terão sido de inspiração fenícia" (Caldas, 1998, p.31).

9Atualmente, o Conselho Oleícola Internacional (COI) define o azeite como o produto obtido a partir do fruto da oliveira, extraído unicamente por processos físicos. Por vezes, as azeitonas são apanhadas à mão, porque são frágeis, tal como os ramos em que crescem. No entanto, como os frutos devem ter todos o mesmo tamanho e o mesmo grau de maturação, o que aumenta significativamente o preço do azeite (Toussaint-Samat, 1992). Para além das suas propriedades sensoriais únicas, acrescenta valor ao produto final e contribui para conferir novas qualidades nutricionais, devido ao seu perfil lipídico rico em ácidos gordos essenciais e compostos bioativos (Beraldo et al.,2020).

10No território português, os olivais encontravam-se dispersos e concentrados na margem direita do rio Tejo, em direção ao sul de Portugal, surgindo em torno de povoações e os moinhos instalados junto a cursos de água (Caldas, 1998). O azeite estava profundamente enraizado às bases da alimentação e com benefícios para a saúde, bem como para fins de iluminação e lubrificação de máquinas (Paquete, 2013).

11Portugal ocupa o quarto lugar no ranking dos maiores produtores a nível europeu, com 6 Regiões de Denominação de Origem Protegida (DOP): Trás-os-Montes, Beira Baixa, Ribatejo, Moura, Alentejo Interior e Norte Alentejano (Figura 2). A classificação DOP resulta das cultivares, das condições de apanha, do transporte até ao lagar, das condições de transformação e das características do produto final. Bezerra e Correia (2019) mencionam a existência de algumas referências ao Olivoturismo em Portugal, com especial enfoque na região do Alentejo, talvez por ter sido a região pioneira na promoção do turismo relacionado com o olival e o azeite.

12Atualmente, 90% das azeitonas do mundo são transformadas em azeite e apenas 2% da superfície dedicada à produção de azeitona se encontra fora da região mediterrânica (Fraga et al., 2021). Em termos de volume, Espanha, Itália, Grécia e Portugal são os maiores produtores, embora grande parte do seu azeite não esteja refletido nos números da produção, porque há olivicultores de pequena dimensão que colhem as suas próprias azeitonas e as levam para as cooperativas locais para serem prensadas. A Espanha detém o título de maior produtor mundial de azeite, contribuindo com 1 790 000 toneladas, o que representa um terço da produção mundial (GPP, 2020). Como observa Murgado (2013), este facto posiciona o país favoravelmente para alavancar o azeite no sector do turismo. O autor salienta ainda que, do ponto de vista científico, o enfoque nesta atividade turística tem sido limitado devido à sua fase inicial de desenvolvimento.

13Em Portugal, o Alentejo apresenta 89% da produção nacional em 2022, e a região Norte com apenas 6% (Tabela 1). Segundo o INE (2023), em Portugal existem 455 lagares.

Tabela 1- Portugal - Produção de azeite

ano	Localização geográfica	Produção de azeite (hl)
2022	Portugal	1 377 529
	Entre Douro e Minho	1 044
	Trás-os-Montes	79 317
	Beira Litoral	21 761
	Beira Interior	16 678
	Ribatejo e Oeste	36 785
	Alentejo	1 221 321
	Algarve	623
	Açores	0
	Madeira	0

Fonte: INE (2023)

14Os olivais são vitais para o desenvolvimento regional e contribuem para a coesão do território, com implicações para a economia local, gerando emprego e desempenhando um papel importante na salvaguarda da paisagem cultural e da identidade (Fleskens et al., 2009).

B. Turismo do azeite: conceitos

15Como resultado da evolução do lazer, surgem novos tipos de turismo e stakeholders, integrando a olivicultura e a produção de azeite neste negócio (Alonso, 2010). O conceito de Olivoturismo é muito recente, e vários autores têm contribuído para a sua evolução (Tabela 2), destacando-se várias perspetivas como a Procura, a Oferta, o Turismo Cultural, o Enoturismo, a Gastronomia, o Turismo Industrial e Rural.

16Esta forma de turismo destaca-se como uma alternativa ao turismo tradicional, considerado como "uma forma de turismo que inclui atividades como visitas a locais de produção de azeite e alojamento nesses locais, cursos de culinária sobre pratos à base de azeite, compra de azeite, caminhadas pelas rotas de azeite e visitas que fornecem informações sobre a cultura do azeite e técnicas de produção, desde o passado até ao presente" (Manisa et al., 2013, p. 12, 16).

Tabela 2 - Evolução conceptual do Turismo do Azeite

Hwang e Quadri-Felitti (2021, p.3-13)	"O turismo do azeite pode ser considerado um turismo sustentável devido à sua contribuição para a economia local, sincronizando os interesses dos visitantes, do ambiente e da comunidade local", p3; "Uma vez que as vinhas e os olivais partilham áreas geográficas (...) o turismo do azeite e do vinho pode criar um efeito sinérgico na economia local", p.11; "os gestores do turismo do azeite e do enoturismo podem ter de trabalhar em estreita colaboração", p.13
Parrilla-González et al., (2020, p.3)	"O Turismo do Azeite é um elemento intangível e sustentável, na medida em que o turismo ligado às atividades agrícolas baseia-se na sustentabilidade, no respeito pelo ambiente e na consciência de uma sociedade com determinados valores ligados à terra"
Bezerra e Correia (2019, p.69)	"Para alargar as experiências relacionadas com o azeite ao turismo criativo, os visitantes precisam de ter a oportunidade de interagir mais com a comunidade local de acolhimento, de ter uma participação mais ativa nestas atividades, ao mesmo tempo que desenvolvem o seu potencial criativo, oferecendo-lhes experiências memoráveis e envolventes."
Pulido-Fernandez et al. (2019, p.5)	"O turismo do azeite faz parte do turismo gastronómico".
Campón-Cerro et al. (2014, p.70)	"(...) o azeite pode ser considerado um recurso fundamental e um instrumento eficaz para novas iniciativas de desenvolvimento local." (...) A ligação entre a cultura do azeite e o turismo parece revelar uma proposta interessante para o desenvolvimento turístico das zonas de olival."
Millán et al. (2014, p.181-184)	"Uma forma de desenvolver o oleoturismo é comercializá-lo, protegido por uma denominação de origem que crie uma rota turística que informe sobre a qualidade do azeite e o seu processo de produção, e que proporcione provas de azeite" p181; "Existem diferenças e semelhanças entre o perfil dos enoturistas e dos oleoturistas. Os seus perfis demográficos, a sua forma de organizar a viagem, o seu comportamento no destino e os determinantes da sua satisfação são semelhantes, mas não os seus perfis económicos e as despesas que realizam no destino." "Tanto no enoturismo como no oleoturismo, os turistas queixam-se da falta de atividades complementares. "P184
Murgado (2013, p.100)	"O oleoturismo é um conjunto de atividades que giram em torno do azeite. (...) o turismo do azeite também inclui atividades culturais relacionadas com a natureza, que mergulham o visitante na cultura local do ambiente e do território"; "No caso do azeite, é necessário conceber produtos turísticos baseados em experiências para enriquecer o ato de consumo do produto".

Fonte: Produção própria com base nos autores citados

17Vários autores relacionam o Turismo do Azeite com outras experiências turísticas, tais como: Gastronomia (Şahin e Aydin, 2017; De Salvo et al., 2013; Murgado, 2013); Turismo Rural (Campón-Cerro et al., 2017, Millán et al., 2014) Enoturismo (De Salvo et al., 2013; Hwang e Quadri-Felitti, 2021;). O Turismo do Azeite, como o Enoturismo, tem um enorme potencial para envolver as comunidades, desenvolver territórios e construir experiências co-criativas, reduzindo a sazonalidade. Murgado (2013), propôs um conjunto diversificado de experiências em meio rural, desde as mais tradicionais até opções mais criativas e imersivas. Estas incluem atividades como visitar lagares de azeite, desfrutar de spas de azeite, participar em provas de azeite, comprar azeite, explorar rotas de azeite, descobrir oliveiras antigas, participar em experiências gastronómicas, visitar museus de azeite, explorar lojas especializadas, participar em festas e feiras populares e apreciar a paisagem.

18Assim, o Turismo do Azeite envolve atividades ligadas ao olival e ao azeite, combinando cultura, natureza, património e gastronomia. O olival e o azeite, enquanto produto turístico, não estão contemplados na Estratégia do Turismo de Portugal 2027 [ET27], apesar de referir a autenticidade dos produtos portugueses como âncora, nomeadamente o azeite, o vinho, a cortiça e o calçado. Neste sentido, o Turismo do Azeite tem condições para ser igualmente integrado no ativo "Gastronomia e Vinhos", como um dos ativos qualificadores para conduzir Portugal à sustentabilidade e competitividade enquanto destino.

II. Metodologia

19De forma a identificar as contribuições científicas na área de investigação do Turismo do Azeite, o presente estudo adotou uma abordagem de revisão sistemática da literatura (RSL). Trata-se de uma metodologia específica de forma a limitar o enviesamento, mas "não o elimina completamente" (Pickering e Byrne, 2014, p. 546), produzindo um resumo científico da evidência recolhida num ou mais domínios académicos, tais como, negócios e gestão, artes e humanidades, entre outros (Petticrew e Roberts, 2006). Como resultado, uma RSL pode fornecer as informações mais relevantes no campo de pesquisa, pois auxilia o pesquisador a priorizar e organizar os dados a serem analisados (Sedarati et al., 2018), e deve fornecer dados que possam ser analisados (Weed, 2006). Os autores recolheram dados através de uma pesquisa de artigos publicados em investigação científica com base na SCOPUS (Figura 3).

20A análise dos dados foi efetuada em simultâneo com o processo de recolha de dados. O termo utilizado para o processo de redução de dados foi "Turismo do Azeite" ou "Olivoturismo" ou "Oleoturismo". Foi estabelecido um conjunto de critérios para selecionar publicações pertinentes (comunicações de conferências, artigos) em revistas com revisão por pares: (i) estarem indexadas na base de dados SCOPUS; (ii) abordarem o Turismo do Azeite e experiências no contexto do Território, Oferta, Procura, Residentes, Partes Interessadas; (iii) estarem escritas em inglês. Os artigos selecionados foram filtrados através de uma leitura exaustiva dos resumos dos artigos da revista para averiguar o contexto e a relevância dos documentos.

21Foram recolhidos 85 artigos, cujos títulos e resumos foram analisados. Em seguida, o processo de leitura incluiu títulos, resumos, palavras-chave, primeiros parágrafos e texto das secções relevantes. Consideraram-se apenas os artigos publicados em revistas internacionais com revisão por pares, o que exclui livros, capítulos de livros e atas de conferências. Não foram utilizados artigos com acesso limitado ou irrelevantes para o estudo. Através de uma leitura mais abrangente do texto integral, procede-se à compilação dos artigos selecionados. A fase seguinte consistiu em selecionar e eliminar os artigos que não satisfaziam as condições de pesquisa (26 artigos).

22A seleção final resultou em 59 artigos. Estes artigos foram analisados através da metodologia qualitativa de análise de conteúdo, categorizados em: autor, ano, título do artigo, nome da revista, perspetiva (Oferta, Procura, Residentes, Stakeholders, Território), questão de investigação, território, objetivos, metodologia e resultados.

III. Análise dos Resultados

23Esta secção detalha os 59 artigos, conferindo-lhes diferentes categorias descritivas e de análise de conteúdo.

A. Artigos por ano vs autores vs filiação

24Até 2003, não foram encontrados artigos publicados sobre a produção de azeite e o turismo. O primeiro artigo que relaciona o turismo do azeite e o desenvolvimento rural foi publicado em 2010 no "Mundo Agrário, 11(21)" com o título "O turismo do azeite como motor de desenvolvimento rural. A denominação de Montoro-Adamuz". O número de publicações sobre turismo e experiências com o azeite aumentou gradualmente até 2017, altura em que foram publicados seis artigos em revistas científicas (Figura 4).

25Entre 2017 e 2023, foram publicados 45 artigos, o que significa que 76% da amostra foi publicada neste período.

26As revistas com o maior número de publicações são: "International Journal of Gastronomy and Food Science", "Journal of Tourism Development", "Tourism and Hospitality Management", "Sustainability".

27Os dez autores mais relevantes (em termos de número de artigos) são Vásquez de la Torre, M. G (10), Hernández-Mogollón, J.M. (7), Campón-Cerro, A.M. (6), Carrillo-Hidalgo, I. (6), Casado-Montilla, J. (6), Folgado-Fernández, J.A. (6), Pulido-Fernández, J.I. (6), Di-Clemente, E. (5), Dancausa-Millán, M.G. (5) e Cuadra, S.M. (4).

B. Afiliação dos autores e territórios de investigação

28As Universidades de Córdoba e Jaén, em Espanha, destacam-se na investigação relacionada com o turismo do azeite (figura 5).

29Espanha lidera com 37 artigos (figura 6) e outros países começam a investigar esta temática: Portugal (5), Croácia (4), Itália (4), Grécia (3), Chipre (2), Austrália (1), Áustria (1), Brasil (1) e Estados Unidos (1).

C. Área temática e apoio financeiro

30As áreas temáticas mais procuradas são as integradas em Ciências Sociais; Negócios, Gestão e Contabilidade; Ciências do Ambiente; Ciências Agrárias e Biológicas; Economia, Econometria e Finanças; Artes e Humanidades; Energia e Engenharia.

31As principais organizações de financiamento da investigação são as seguintes: Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (25%); Comissão Europeia (17%), Junta de Extremadura (13%) e Programa-Quadro Horizonte 2020 (8%).

D. Principais questões

32Os principais aspetos relacionados com o turismo do azeite (Figura 7) incluem "experiência", "turismo de interesse especial", "gastronomia", "desenvolvimento do território" e o "perfil do turista do azeite".

E. Discussões sobre o conteúdo do turismo do azeite

33Das 5 perspetivas analisadas (Tabela 3), 75% dos artigos foram examinados do lado da procura, seguido do território (45%). As perspetivas dos residentes (8%) e das partes interessadas (5%) foram as menos estudadas pelos autores.

3463% dos estudos centram-se em Espanha, o que está de acordo com o facto de este país ser o maior produtor mundial de azeite.

35Os autores utilizam predominantemente a metodologia qualitativa (34%), e 20% utilizam ambas as metodologias (qualitativa e quantitativa). Relativamente aos resumos, 25% dos artigos não mencionam metodologias.

36Algumas das análises de dados utilizadas nestes estudos são a estatística descritiva (inquéritos), a análise narrativa (observação, entrevistas), a análise de conteúdo, a Análise Comparativa Qualitativa (QCA), o modelo SARIMA, a análise Importância-Desempenho (I-P), a modelação de equações estruturais, o modelo ARIMA (Autoregressive Integrated Moving Average).

Quadro 3. Tipologia de 59 estudos com descrição pormenorizada da perspetiva, do país e da metodologia.

Ano	Autores	Perspetiva	País	Metodologia
2003	Loumou & Giourga	Território	x	x
2010	Vasquez De La Torre et al	Procura	Espanha	x
2011	Vasquez De La Torre et al	Procura	Espanha	x
2011	Molina-Moreno et al	Território	x	x
2011	Tourlouki et al	Residentes	Grécia	x
2013	De Salvo et al	Território	Itália, Espanha	Qualitativo
2014	Vasquez De La Torre et al	Território	Espanha	x
2014	Pavia et al	Procura	Croácia	Quantitativo
2015	Alonso & Krajsic	Fornecimento	Austrália	Qualitativo
2015	Morales et al	Procura	Espanha	x
2015	Vasquez De La Torre et al	Território	Espanha	x
2016	Sabbatini et al	Procura	Grécia	Quantitativa
2016	López-Guzmán et al	Procura	Espanha	Ambos
2016	Marchini et al	Procura	Itália	Qualitativa
2017	Moral Cuadra et al	Procura	Espanha	Ambos
2017	Campón-Cerro et al	Residentes	Espanha	Quantitativa
2017	Plieninger & Bieling	Partes interessadas	Espanha	x
2017	Homrich et al	Território	Brasil	Qualitativo
2017	Vasquez De La Torre et al	Território	Espanha	Ambos
2017	López-Guzmán et al	Procura	Espanha	Ambos
2018	Ruiz Guerra et al	Procura	Europa, América Latina	Qualitativo
2018	Millán et al	Procura	Espanha	Ambos
2018	Tregua et al	Residentes	Espanha	Qualitativo
2018	Yüceer et al	Território	Chipre	x
2018	Marano-Marcolini et al	Partes interessadas	Espanha	x
2019	Pulido-Fernández et al	Procura	x	Qualitativo
2019	Folgado-Fernández et al	Procura	Espanha	Qualitativo
2019	Vehbi et al	Território	Chipre	Quantitativo
2019	Hernández-Mogollón et al	NA	NA	Qualitativo
2019	Bezerra & Correia	Território	Portugal	Qualitativo
2019	Aguilar & García	Território	Espanha	x
2019	Carrillo-Hidalgo et al	Fornecimento	Espanha	x
2020	Pulido-Fernández et al	Procura	Espanha	Qualitativo
2020	Parrilla-González et al	Procura	x	Quantitativo
2020	Moral-Cuadra et al	Procura	Espanha	Quantitativo
2020	D'auria et al	Território	Espanha, Itália e Croácia	Qualitativo
2020	Čehić et al	Território	Croácia	Qualitativo
2021	Millan et al	Procura	Espanha	Quantitativo
2021	Ferreira & Martín	Território	Portugal	Qualitativo
2021	Murgado-Armenteros et al	Território	Espanha	Quantitativo
2021	Almeida & Silveira	Fornecimento	Portugal	Qualitativo
2021	Hernández-Mogollón et al	Procura	Euro-Mediterrâneo vs	x
			Estados não pertencentes à UE,
			Líbano
2021	Čehić et al	Procura	Croácia	Quantitativo
2021	Alonso & González	Fornecimento	Espanha	Qualitativo
2021	Carrillo-Hidalgo et al	Partes interessadas	Espanha	Qualitativo
2021	Pulido-Fernández et al	Fornecimento	Espanha	Ambos
2021	Oplanić et al	Procura	Croácia	Ambos
2022	Gonçalves et al	Território	Portugal	Qualitativo
2022	Ibáñez & Vicente-Fernández	Fornecimento	Espanha	Qualitativo
2022	Jimenez et al	Procura	Espanha	Ambos
2022	Dancausa Millán & Vázquez de la Torre, M.G.	Procura	Espanha	Ambos
2022	Dancausa-Millan et al	Procura	Espanha	Ambos
2022	Pulido-Fernández et al	Procura	Espanha	Ambos
2022	Hwang & Quadri-Felitti	Procura	EUA	x
2022	Cusano et al	Procura	Itália	Qualitativo
2023	Dancausa Millán et al	Residentes	Espanha	Quantitativo
2023	Campón-Cerro et al	Procura	Espanha	Ambos
2023	Vena-Oya & Parrilla-González	Fornecimento	Espanha	Quantitativo
2023	Di-Clemente et al	Residentes	Espanha	Quantitativo

Conclusão

37O Turismo do Azeite é um turismo de interesse especial que envolve experiências criativas, sensibilização para a sustentabilidade, promoção da cultura local, reforço da imagem do destino e divulgação do prestígio. A cultura em torno do azeite e o prazer em todo o conjunto de atividades relacionadas com o produto. É também uma atividade com grande potencial para o desenvolvimento do território rural e constitui um enquadramento que incentiva os novos usos do solo, nomeadamente através da valorização de dinâmicas turísticas que assentam no usufruto da gastronomia e de elementos paisagísticos, reunindo natureza, património e cultura.

38Este tipo de turismo impulsiona destinos sustentáveis capazes de introduzir e promover o consumo de produtos locais. Favorece a realização de diferentes atividades em meio rural, como percursos pelos olivais, mercados gastronómicos, iniciativas educativas, eventos históricos, etc.

39Para diferenciar a oferta com maior valor acrescentado, todos os intervenientes devem estar atentos aos 4 Ps: Produtos, Lugar, Pessoas e Patrimónios, integrando os vários tipos de recursos (paisagísticos, culturais, económicos, gastronómicos, arquitetónicos, etc.) existentes no território, o que permitiria criar produtos variados, mistos e fechados que possibilitem uma oferta mais atrativa.

40Os produtos: O Olivoturismo deve levar os empresários e as autoridades locais a investir na promoção e desenvolvimento de uma vasta gama de produtos de azeite e a conceber experiências criativas que envolvam património alimentar emblemático, como o vinho, o queijo, o presunto, os doces, o artesanato, ...

41Local: Uma utilização inteligente do capital territorial é fundamental para a promoção do desenvolvimento regional. O Olivoturismo serve de complemento a outros tipos de turismo semelhantes, como o turismo rural ou o enoturismo. Pode gerar benefícios importantes para o desenvolvimento rural e aumentar os impactos positivos no espaço geográfico, reutilizando os lagares tradicionais através do turismo alternativo e do desenvolvimento de rotas temáticas do património, da paisagem do olival, contribuindo para a manutenção do património cultural e para o desenvolvimento social.

42As pessoas: O Turismo do Azeite permite a multifuncionalidade dos olivais, pelo que o aproveitamento dos recursos existentes de forma sustentável contribui para o aumento do bem-estar de toda a população rural e favorece a criação de novas empresas e de emprego qualificado. A potenciação da ligação da comunidade com os visitantes é crucial para apoiar o desenvolvimento local, transmitindo autenticidade na experiência e qualidade de vida. Por outro lado, é necessário identificar segmentos turísticos com comportamentos bem diferenciados, o que ajudará as partes interessadas, os decisores políticos e os gestores de destinos a tomar decisões, com vista a adaptar o seu produto às expectativas e necessidades dos potenciais clientes.

43Patrimónios: salvaguarda do património alimentar (através da gastronomia, culinária, eventos gastronómicos), rotas gastronómicas certificadas, preservação dos costumes e tradições locais e envolvimento dos visitantes nas práticas agrícolas.

44O turismo do azeite tem potencial para impulsionar o desenvolvimento das zonas rurais, gerando rendimentos adicionais para os agricultores com um baixo nível de rendimento.